Uma das principais máximas do mercado financeiro é que retorno passado não é garantia de ganhos futuros. No entanto, quem é que não olha como foi o desempenho de um determinado ativo antes de decidir se investe ou não nele? Todo mundo invariavelmente dá uma olhada no histórico de uma ação ou de um fundo de investimento para saber onde está pisando e o que esperar daquela aplicação.

E quem olhar o comportamento da bolsa na última década dificilmente não se sentirá tentado a investir ao menos parte do seu patrimônio em ações. “Nos últimos dez anos, o mercado foi visivelmente positivo, o que explica em grande parte a disposição do investidor em ser muito mais otimista do que pessimista”, diz o gestor da RTI Gestão de Ativos, Fábio Anderaos.

Um levantamento feito por ele mostra que, entre 2000 e 2010, dos 2.722 pregões, o Índice Bovespa subiu em 53% deles e caiu nos 47% restantes. Olhando em termos anuais, o índice caiu apenas entre 2000 e 2002 e em 2008, sendo que essas desvalorizações foram bem mais modestas do que as altas. No pior ano (2008), o indicador caiu 41,22%, enquanto no melhor (2003) subiu 97,34%.

Outras estatísticas mostram que fez todo sentido o tom de otimismo dos investidores no passado recente. Pelo levantamento de Anderaos, em 5,1% das vezes, entre 2000 e 2010, o Ibovespa subiu em quatro ou mais pregões consecutivos. E apenas em 3,2% das vezes houve quedas em quatro ou mais pregões seguidos.

O estudo do gestor revela também que, nos últimos dez anos, o máximo que o índice subiu seguidamente foi durante 11 pregões, e isso ocorreu duas vezes, uma em agosto de 2003 e a outra entre julho e agosto do ano passado.

Mercado local foi claramente positivo na última década

Já no lado negativo, o Ibovespa caiu no máximo por oito pregões consecutivos e também em duas ocasiões – em outubro de 2000 e entre agosto e setembro de 2001. Mesmo sabendo que todos esses números não são garantia de nada, eles acabam levando o investidor a se animar com a bolsa, na expectativa de que o cenário positivo irá se repetir.

“Esse nível de confiança é complicado porque, se o mercado virar para o campo negativo, vai pegar boa parte dos investidores de calças curtas”, alerta Anderaos.

Obviamente que a bolsa tem uma dinâmica própria, mas essa exuberância na última década também reflete o momento da economia real. Segundo um levantamento do Valor Data, entre 2000 e 2010, o PIB brasileiro cresceu em média 3,7% ao ano, considerando uma alta de 7,61% em 2010, de acordo com as expectativas presentes no Boletim Focus do Banco Central. Já na década anterior o crescimento do PIB foi de 1,7% ao ano, em média.

Fonte: Valor

Write A Comment

Bitnami