Mesmo que não seja um fã de tecnologia, é difícil que nas últimas semanas você não tenha ouvido falar da 4G. Trata-se da quarta geração da telefonia celular. O governo federal recentemente leiloou as faixas de frequência que vão permitir sua adoção no país a partir de 2013, embora algumas operadoras estejam dizendo que pretendem lançar o serviço até o Natal deste ano. A 4G promete velocidades de conexão até dez vezes mais rápidas que a média atual, mas na prática o que isso significa para você? Que benefícios reais serão proporcionados pela 4G? E, o mais importante, quanto você terá de gastar por essas comodidades?
Para começar, você terá de trocar seu aparelho. Os modelos atuais, baseados na terceira geração ou 3G, não funcionam sob a nova tecnologia. Prepare-se para gastar mais. Nenhum aparelho 4G chegou ao país até agora – e isso nem faria sentido -, mas a estimativa é que os modelos da quarta geração custem de 30% a 50% mais que os dispositivos vendidos atualmente.
Essa não é a única maneira pela qual a 4G vai atingir seu bolso, ou bolsa. Lembra dos “tijolões” dos primeiros tempos, que quase cobriam o rosto quando usados? Os telefones 4G não chegam a tanto, mas são muito maiores que os atuais. Ou seja, eles não vão caber no bolso de qualquer paletó ou naquela bolsa de festa minúscula.
A volta dos mamutes, pelo menos sob os padrões atuais, se deve a dois motivos. Um deles é de caráter técnico: os aparelhos 4G têm mais componentes eletrônicos, logo, precisam de uma caixa maior. O segundo ponto é que ninguém quer ver vídeos – uma das principais apostas da 4G – em uma tela reduzida. O tamanho pode não fazer muita diferença na hora de acompanhar no celular as maldades de Carminha, a megera da novela das oito. Isso porque uma cena de novela costuma trazer detalhes relevantes em close. Mas pense em um jogo de futebol… Em um confronto Corinthians versus Santos, você correria o risco de confundir Neymar com Romarinho.
A transmissão de entretenimento ao vivo, como novelas e futebol, não é a única atração da 4G. Nos países onde a rede está em funcionamento, as operadoras vêm testando uma série de serviços aprimorados. Se você pensa duas vezes antes de baixar músicas e filmes – ninguém gosta de ficar pendurado no aparelho enquanto espera a conclusão do download – a 4G pode ser um alívio. Mais veloz, a rede permite concluir o trabalho em um prazo muito mais curto. Essa mesma rapidez confere dinamismo aos jogos via internet.
Tudo isso mostra que 4G está voltada à transmissão de dados, e não de voz. Você já deve ter deduzido o que isso significa: não haverá nenhuma mudança significativa na qualidade das suas conversas por telefone. Na prática, será uma infraestrutura mista. Se você contratar um serviço 4G, os dados trafegarão sob velocidades mais altas, mas a voz será redirecionada para as atuais redes 2G ou 3G, que coexistirão com a tecnologia mais recente.
A despeito disso, você vai gastar mais com a conta do celular. As operadoras estão começando a montar suas estratégias e não falam de tarifas. Mas mesmo que não façam reajustes, o aumento é inevitável. O motivo é que os pacotes reúnem um certo número de megabits, correspondentes ao tráfego de dados. Para ter acesso a serviços avançados, que consomem mais banda, o consumidor terá de “contratar” um número de megabits maior. E, claro, pagar por eles.
Fonte: Valor