A empresa de serviços de internet Automattic Inc. tem 123 empregados trabalhando em 26 países, 94 cidades e 28 Estados americanos. Seus escritórios? A casa deles.
Na Automattic, que hospeda os servidores da plataforma de blogs WordPress.com, os empregados escolhem onde trabalhar, e reuniões virtuais são realizadas por Skype ou chat na internet.
A empresa tem um escritório em San Francisco para uso ocasional, mas o gerenciamento de projetos, as discussões e conversas informais acontecem em blogs internos. Se necessário, os membros da equipe viajam ao redor do mundo para se encontrar. E, se uma pessoa precisa fazer uma pergunta mais delicada, pega o telefone.
Ter uma força de trabalho remota dá às companhias acesso a uma variedade mais ampla de talentos que não é limitada pela geografia. As firmas podem também economizar com aluguel, embora despesas pesadas com viagens talvez anulem parcialmente a economia.
Ninguém sabe ao certo quantas empresas sem escritórios existem ou a rapidez com que esse número está crescendo, mas os estudiosos de sistemas gerenciais dizem que elas ainda são raras.
Hoje, apenas 2,5% da força de trabalho dos Estados Unidos consideram que o lar é o seu principal local de trabalho. Mas esse número, que é baseado numa análise de dados do censo, cresceu 66% de 2005 a 2010, segundo a Telework Research Network, uma firma de consultoria e pesquisa. E, cada vez mais, os empregados das empresas com escritórios físicos estão escolhendo trabalhar remotamente ou formar equipes virtuais com seus colegas no resto do mundo, graças aos rápidos avanços em vídeo, redes sociais, computação na nuvem e tecnologias móveis.
Muitas companhias com operações em lugares distantes também têm estruturas de gerência não hierárquicas, dando às equipes e aos funcionários autoridade para tomar decisões e executar tarefas sob mínima supervisão.
Mas trabalhar em casa não é para qualquer um. “Algumas pessoas necessitam do contato pessoal”, diz Michael Boyer O’Leary, professor assistente de gerência na Faculdade de Administração McDonough da Universidade Georgetown. O’Leary diz que o contato frente a frente é mais importante no caso de empregados novos ou de pessoas trabalhando juntas pela primeira vez num novo projeto.
Outros empregados têm dificuldade de separar trabalho e vida doméstica, e até mesmo sentem falta da transição mental e física do deslocamento para o trabalho, diz Jay Mulki, professor da Faculdade de Administração da Universidade Northeastern que estuda trabalhadores virtuais.
Ele diz que um empregado remoto que estudou entrava no carro de manhã, dava uma volta no quarteirão e então voltava para casa e começava a trabalhar.
Lori McLeese, diretora de recursos humanos da Automattic, diz que seus processos de contratação e orientação são críticos para criar uma cultura de coesão. A empresa exige que os candidatos mais cotados trabalhem por algumas semanas num projeto teste para ver se eles se adaptam bem. Os recém-contratados, independentemente da posição, têm que passar três semanas na assistência ao cliente para ganhar uma experiência unificadora como empregado e ter contato direto com clientes.
A empresa segue a filosofia do “excesso de comunicação”, diz McLeese, para ajudar proativamente a eliminar qualquer mal-entendido e dar direção aos empregados. Estes, em especial, enviam mensagens via blogs internos, que também servem como um lugar para conversas informais. Quando ocorrem mal-entendidos nas conversas escritas dos chats, os participantes são encorajados a usar o telefone.
Mas, porque os funcionários estão em tantos fuso horários diferentes, o trabalho geralmente é feito de forma não sincronizada. Os membros das equipes trabalham nos seus próprios horários – a empresa tem um monte de madrugadores e notívagos – para cumprir o cronograma dos projetos.
A empresa também organiza encontros frequentes das equipes, permitindo aos empregados viajar para essas reuniões em lugares diferentes, e faz também um “grande encontro” anual de uma semana para todos.
Mas nem todo mundo acredita em empresas virtuais. No ano passado, os fundadores da Zaarly Inc. discutiram se era melhor operar virtualmente ou abrir um escritório para a recém-criada empresa, que gerencia um mercado on-line para serviços locais.
A firma optou pelo escritório, diz Shane Mac, diretor de produto da Zaarly, que tem hoje 43 empregados, a maioria deles trabalhando no escritório da empresa em San Francisco.
Embora a empresa tenha alguns empregados remotos, Mac diz que a tomada de decisões é mais rápida quando alguém está do seu lado, e é mais fácil manter empregados a par das coisas e discuti-las juntos. “Não dá para fazer descobertas de verdade via mensagens de texto”, diz ele.
Fonte:Valor