Os leitores eletrônicos de livros, os chamados e-readers, estão ficando cada vez mais populares. Muito provavelmente, você já viu um desses aparelhos nas mãos daquele colega de trabalho fanático por tecnologia ou leu na internet a resenha de algum produto desse tipo. A web está cheia delas. A pergunta que você já deve ter feito a si mesmo é se vale a pena embarcar na onda e comprar um e-reader.
Como tudo no mundo da tecnologia, não existe uma resposta única. Há vantagens e desvantagens, que são mais ou menos preponderantes dependendo dos hábitos do consumidor. É o perfil de uso que determina a adoção ou não de um equipamento.
Os e-readers apresentam muitas vantagens. Uma das mais evidentes é o tamanho. A maioria dos equipamentos disponíveis atualmente tem tela de seis polegadas, um pouco maiores que a de smartphones como o iPhone 5 e o Galaxy SIII, cujas telas têm pouco mais de quatro polegadas. Alguns celulares, como um aparelho apresentado recentemente pela chinesa Huawei no exterior, tem a mesma medida dos leitores eletrônicos.
Essas dimensões fazem diferença diante dos hábitos de leitura atuais, marcados pela fragmentação. É cada vez mais raro ter a oportunidade de sentar-se na poltrona favorita para gastar uma tarde inteira lendo o livro da moda ou aquele volume raro que você demorou para encontrar. O mais comum é ler algumas páginas por vez, sempre que sobra algum tempo. Com o leitor eletrônico, o consumidor tem acesso fácil e permanente a seu acervo, sem ter de carregar vários livros ou revistas em papel, de um lado para o outro.
A duração da bateria é outro ponto favorável. Você já deve ter passado pela inconveniência de ficar sem carga no smartphone ou tablet quando mais precisa deles, como manda a Lei de Murphy. Os e-readers não deixam você na mão com tanta facilidade. Com uma única carga, é possível ler o que quiser durante um período que vai de uma semana a dez dias, com tranquilidade.
E há, claro, a crescente oferta de conteúdo. Em certa medida, e-readers são como aparelhos de TV. Não adianta nada ter um equipamento sofisticado, se não há o que assistir ou se o que está disponível não interessa ao público. A Amazon, maior livraria on-line do mundo, oferece 16 mil títulos em português – é pouco diante do acervo total de 1,7 milhão de obras, mas representa um avanço em relação aos 10 mil títulos que estavam disponíveis até pouco tempo atrás.
E existem opções ao serviço da Amazon. É o caso do Gato Sabido, uma livraria virtual brasileira lançada em 2009. Grandes redes tradicionais, como Saraiva e Livraria Cultura, também oferecem a possibilidade de comprar livros digitais e ler as obras tanto no computador, com o auxílio de um aplicativo apropriado, como nos e-readers.
Os livros não são o único atrativo em termos de conteúdo. As grandes editoras de revistas têm se dedicado a criar versões eletrônicas de seus principais títulos. Na Amazon, por exemplo, é possível comprar edições avulsas ou fazer assinaturas. Muitos jornais também aderiram ao formato eletrônico, o que dispensa o leitor de ir à banca ou esperar o porteiro entregar o jornal do dia. O assinante recebe um aviso assim que a nova edição fica disponível.
Parte dos leitores ainda resiste à ideia de comprar livros eletrônicos e prefere o ritual de ir à livraria para adquirir edições em papel. No caso das revistas e jornais, que são mais perecíveis, essa resistência é menor. Para quem gosta de ler publicações estrangeiras, o e-reader é muito conveniente. Você pode comprar uma revista às duas horas da manhã, sem sair do sofá, e recebê-la imediatamente, em vez de esperar por dias – semanas, em alguns casos – até receber a edição física.
A questão é que boa parte dessas tarefas pode ser feita por meio dos tablets e até dos smartphones. É nesse ponto que começam as desvantagens dos e-readers. Em geral, os tablets são maiores e mais pesados que os leitores eletrônicos. Um iPad, por exemplo, tem tela de 9,7 polegadas. Mesmo o iPad Mini, a versão reduzida do aparelho, é maior: o equipamento da Apple foi lançado com tela de 7,9 polegadas. Em contrapartida, os tablets têm múltiplas funções – além da leitura, oferecem opções de entretenimento como ouvir música, ver filmes e jogar videogame. Isso sem falar nas aplicações pessoais, que vão desde controlar as contas até contar com um personal trainer virtual.
Os preços ainda são uma vantagem para os e-readers, mesmo no Brasil, onde a maioria dos produtos é importada. O Glo, da canadense Kobo, custa R$ 399, e o Kindle, da Amazon, tem uma versão a R$ 299. Em contraste, o iPad 2 mais barato custa R$ 1.349. Essa diferença, no entanto, tende a diminuir. A categoria de tablets com telas menores ganha força, com preços mais atraentes. E nem só de iPads é feita a categoria. Muitos produtos baratos, boa parte deles de origem chinesa e com sistema Android, do Google, têm sido procurados por quem quer um tablet sem gastar muito.
Um levantamento da empresa de pesquisa GfK mostra que neste ano os leitores digitais vão movimentar US$ 3,2 bilhões em vendas globais, abaixo dos US$ 4,9 bilhões de 2011, quando o segmento atingiu seu ápice. Parte dessa queda é atribuída à redução de preço dos e-readers, mas não se pode desconsiderar o efeito da competição dos tablets.
Na era da convergência digital, uma parte dos consumidores ainda prefere equipamentos específicos para cada finalidade. Por isso, mantêm um arsenal composto por câmeras fotográficas, smartphones, aparelhos de MP3, tablets, notebooks etc. Outros preferem aparelhos que reúnem tudo em um lugar só, mesmo sem obter o melhor de cada função. Mais que preço, comprar ou não um e-reader depende da tribo a que você pertence.