Antes mesmo da estreia de “Alice no País das Maravilhas”, de Tim Burton, prevista para hoje, produtos com a marca do filme do diretor Tim Burton já esgotam no varejo. Livros, camisetas e até jogos de baralho sumiram das prateleiras, quase tão rápido quanto o coelho foge de Alice no começo da história de Lewis Carroll.

A tradicional fabricante de baralhos Copag lançou o produto com ilustrações do filme há um mês. Vendeu todo o lote de 28 mil baralhos (a R$ 12,90 cada). “Estamos negociando com a Disney a liberação para a produção de um novo lote”, diz Amanda Duarte, gerente de marketing.

A Grendene, dona da Melissa, começou a oferecer na semana passada a sapatilha com estampas de personagens de Alice. Para os lojistas, a venda começou em março e, desde então, o sapato figura na lista dos dez mais vendidos da Melissa. A Grendene até criou uma promoção que começa hoje, válida para o site e para a loja própria, de São Paulo: os 100 primeiros pares vendidos (a R$ 110) ganham um par de ingressos para o filme. O interessante é que a estampa que decora os calçados não é a do filme, mas a do desenho animado, lançado pela Disney em 1951.

“O filme fez surgir uma ‘Alicemania'”, diz Andrea Salinas, diretora de marketing da Disney do Brasil, que não revela a expectativa de faturamento com o filme. “Voltamos a licenciar produtos para usar imagens do desenho animado e também tudo que tem a ver com a história de Lewis Carroll voltou à moda”, diz a executiva.

A varejista Renner lançou na metade de março uma camiseta (a R$ 49,90) com motivos do desenho antigo da Disney. Faltou produto no Rio de Janeiro na semana passada e uma nova remessa já foi enviada às lojas cariocas. A grife de moda Ellus lançou no último dia 13 uma linha inspirada no filme, com licenciamento da Disney.

Para mostrar a coleção, a Ellus reuniu convidados na loja do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, que depois assistiram à pré-estreia do filme. Nesse dia, todas as camisetas da linha foram vendidas. Desde então, a procura é grande em todas as lojas próprias da Ellus (64), segundo Adriana Bozon, diretora de criação. “A estética do Tim Burton tem tudo a ver com o espírito jeanswear da Ellus”, disse ela.

Publicado pela primeira vez em 1862 pelo inglês Lewis Carroll, o livro “Alice no País das Maravilhas” voltou a ganhar inúmeras edições desde meados do ano passado, enquanto Tim Burton gravava a sua versão da história sobre a garotinha que entra na toca atrás de um coelho falante.

A versão lançada pela editora Jorge Zahar vendeu 57 mil exemplares em apenas dois meses e outras 20 mil unidades estão sendo impressas. Antes mesmo do lançamento do filme, o título está na lista dos mais vendidos há seis semanas. “Conseguimos fazer uma edição de luxo de bolso por um preço acessível. Acho que foi uma combinação muito acertada”, disse Isabela Santiago, gerente de marketing da Zahar. O preço de capa do livro é de R$ 19,90.

Com uma edição de luxo traduzida pelo professor da Harvard Nicolau Sevcenko, a editora Cosac Naify também está colhendo bons frutos da febre “Alicemania”. A primeira tiragem de 10 mil exemplares esgotou em um mês. A editora colocou nas livrarias outros 7 mil livros e está imprimindo mais 7 mil unidades que devem chegar as livrarias em maio.

A Saraiva, que tem mais de 100 lojas no país, viu 13 mil exemplares do livro serem vendidos em apenas dois meses. “O tema é bárbaro e associado a um filme ‘3D’ do Tim Burton não tem como não dar certo. Outros produtos também estão sendo muito procurados. O CD da trilha sonora do filme, por exemplo, vendeu 3 mil cópias em um mês”, afirmou Marcílio Pousada, presidente da Saraiva.

“Desde Harry Potter não tínhamos uma febre tão grande. Temos uma variedade de produtos com tema da Alice, desde livros, produtos de papelaria, pôsteres, até games. O jogo do Wii acabou em uma semana”, contou Benjamin Dubost, diretor comercial da Fnac Brasil.

Neste mês de abril a Livraria Cultura está promovendo vários eventos, como palestras e debates, sobre a história. Do segundo trimestre do ano passado para cá, foram vendidos mais de 10 mil exemplares. “Muitas pessoas que já têm o livro estão comprando as novas versões. Nossa expectativa é que essa febre continue por mais um tempo. No final do ano, está previsto o lançamento do DVD, que deve atrair mais público”, disse Fábio Herz, diretor comercial da Cultura. A Livrarias Curitiba, a maior do sul do país, também comemora as boas vendas. Foram 1,6 mil exemplares vendidos nos últimos 40 dias.

Diferente do que acontece com outros filmes da Disney, como “Toy Story 3”, que estreia em junho e “High School Musical”, “Alice no País das Maravilhas” atraiu um grupo diferente de produtos, distante dos brinquedos e de materiais escolares que normalmente estampam os heróis de cinema. Até a sofisticada joalheria H. Stern está fazendo anéis sob encomenda inspirados no filme, mas no de Burton. Há peças como um anel que mede mais de 10 centímetros.

“Como o filme tem um estética diferenciada, os licenciamentos também são mais sofisticados. Eles seguem o visual que o diretor dá ao filme. É o caso da H. Stern”, diz Andrea, da Disney. Conforme o filme de Burton for ganhando o público, afirma ela, a tendência é que novos produtos licenciados sejam lançados.
Fonte: Valor

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