A PDG Realty comprou a Agre e irá disputar com a Cyrela a liderança do mercado imobiliário brasileiro. Não há dinheiro envolvido na operação. Será uma compra com troca de ações, na qual a PDG incorpora 100% da Agre. Em valor de mercado, a nova empresa nasce praticamente empatada com a Cyrela: R$ 8,8 bilhões (R$ 2,4 bilhões da Agre e R$ 6,4 bilhões da PDG) contra R$ 8,9 bilhões da Cyrela.

A nova empresa será a soma de quatro incorporadoras: Agra, Klabin Segall, Abyara e PDG Realty – esta última nasceu dos ativos imobiliários do Pactual e tem participação em várias empresas. Recentemente incorporou a totalidade das ações da Goldfarb, empresa de baixa renda, e a carioca CHL.

Com a compra da Agre, a PDG passa a atuar em mercados onde não estava ou tinha uma participação muito pequena, como Norte e Nordeste. Perde o apelo de concorrente direta da MRV como uma empresa com forte atuação na baixa renda – o que a ajudou a fazer duas captações bem-sucedidas no mercado de ações – e amplia sua participação no mercado para a classe média.

A PDG já vinha sinalizando o interesse em diversificar sua atuação ao criar uma empresa voltada à média e alta renda no mercado paulista. A nova empresa terá um banco de terrenos consolidado de R$ 32 bilhões, com mais de 90% de imóveis até R$ 500 mil.

A relação de troca é de cerca de duas ações da Agre para cada ação da PDG, praticamente sem prêmio em relação à cotação da Agre. Juntas, PDG e Agre somaram vendas de R$ 4,3 bilhões em 2009, com lançamentos de R$ 4,2 bilhões no ano. A receita líquida combinada seria de R$ 3,5 bilhões em 2009 e o lucro líquido, de R$ 540 milhões.

Embora as companhias tenham avançado no tamanho, a Cyrela ainda mantém a liderança nos dados operacionais. A companhia lançou R$ 5,7 bilhões em empreendimentos e vendeu R$ 5,2 bilhões. A receita líquida em 2009 foi de R$ 4,1 bilhões e o lucro líquido, de R$ 729,3 milhões.

Na operação, a Agre está vendendo a participação de 70% que tinha na Asa, empresa de baixa renda, pois poderia ter conflito de interesses com a Goldfarb, controlada da PDG.

O espanhol Enrique Bañuelos vende o negócio cerca de um ano e meio depois de começar a costurar as primeiras aquisições no mercado imobiliário brasileiro. A Veremonte, empresa de Bañuelos, que tinha 24,4% da Agre, passará a ter entre 5% e 6% da PDG Realty e passará a ser uma das principais sócias da companhia.

Desde fevereiro deste ano, a PDG não possui mais um único acionista relevante, embora muitos atuais e ex-executivos do banco Pactual ainda possuam uma participação acionária importante na companhia, com destaque para a gestora Vinci Equities, com 5,42%, cujos fundos têm como cotistas membros do conselho de administração da empresa, entre eles Gilberto Sayão. Figuram ainda como acionistas relevantes da PDG administrado-res de carteira como Blackrock, com 5,73% do capital, Itaú Unibanco, com 5,37%, e Marsico Capital Management, com 5,28%.

Os sócios fundadores da Agra e que estavam à frente da gestão da Agre continuam na empresa por mais cinco anos, além de dois anos adicionais de cláusula de não concorrência. A PDG irá manter o modelo que tem na Goldfarbe CHL, cujos sócios fundadores continuam no negócio.
Fonte: Valor

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