Manter um bom padrão de vida depois da aposentadoria geralmente não é tarefa fácil para quem tem um bom salário. O único jeito de não ser obrigado a abrir mão de diversas despesas é começar a investir tempo e dinheiro na formação de uma fonte secundária de renda muitos anos antes de parar de trabalhar. Uma das opções disponíveis no mercado são os fundos de previdência privada, que contam com uma infinidade de produtos e regras – às vezes difíceis de entender. Para não se perder nesse universo de siglas, taxas e alíquotas tributárias, são imprescindíveis muita pesquisa para escolher o plano mais adequado, disciplina para poupar e informação para fazer o dinheiro render.
Em geral, a previdência complementar é destinada a quem ganha acima do teto das aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Isso porque, para esses trabalhadores, o valor do benefício da previdência social será menor que o salário da ativa. No entanto, especialistas acreditam que, na realidade, qualquer pessoa com condições de poupar algum dinheiro por mês pode pensar em planejar sua aposentadoria, com vistas a uma vida mais confortável no futuro.
Para honrar esses planos e atingir a renda desejada na aposentadoria, os fundos de previdência privada requerem contribuições periódicas predefinidas, com o objetivo de poupança. Mas a ideia é que esse dinheiro se multiplique com o passar do tempo. Esses fundos funcionam como qualquer outro fundo de investimento, aplicando em diversos tipos de ativos sob a gestão de um especialista. Quando o investidor se aposenta, pode começar a resgatar seus recursos na periodicidade que preferir.
No entanto, os fundos de previdência seguem algumas regras próprias. Como precisam tentar garantir alguma rentabilidade, não permitem alavancagem (possibilidade de perda maior que o patrimônio do fundo) e só podem ter no máximo 49% da carteira composta por renda variável. Além disso, como incentivo aos investimentos de longo prazo, as alíquotas de Imposto de Renda diminuem substancialmente na proporção inversa do tempo em que o dinheiro permanece aplicado.
Por isso, quanto mais cedo se começa a investir, menores serão as contribuições mensais e maiores os benefícios tributários. O ideal é contribuir por, pelo menos, 15 anos. Na opinião de Renato Russo, vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), os fundos de previdência só não são aconselháveis para quem está muito perto de se aposentar, algo em torno de cinco anos, pois os rendimentos não compensarão o valor das taxas de custeio e do imposto. “Por outro lado, uma pessoa que resolve investir com vinte e poucos anos pode começar, por exemplo, com 5% de sua renda e ainda assim garantir um benefício razoável no futuro. Hoje em dia já existem planos de previdência que aceitam contribuições mínimas de 30 reais”, garante.
Fonte: Exame