Operações automáticas, realizadas por computadores em milésimos de segundo, não são mais novidade no mercado financeiro. E, recentemente, também deixaram de ser exclusividade de grandes fundos e investidores institucionais. Algumas corretoras brasileiras já oferecem para pessoas físicas a possibilidade de executar estratégias mais complexas por meio de modelos matemáticos, semelhantes àqueles usados pelos fundos quantitativos. O serviço ainda é novo e voltado para investidores mais experientes, que operam grandes volumes, mas as corretoras apostam no crescimento da procura e de uma relativa popularização no uso desses algoritmos.
Os modelos vêm sendo desenvolvidos pelas próprias corretoras e destinam-se à execução rápida de estratégias quantitativas que requeiram maior sofisticação e velocidade de operação. Na realidade, para terem sucesso, essas transações envolvem várias operações simultâneas de compra e venda em quantidades e preços determinados. O investidor define a estratégia que quer utilizar e insere seus parâmetros – a faixa de preço na qual deseja operar e a quantidade de ativos que quer comprar ou vender – e deixa o computador fazer o trabalho. O uso dos algoritmos é particularmente interessante para quem investe hoje com base em análise técnica, já que, num futuro próximo, ficará muito difícil que o homem consiga ser mais rápido que a máquina na tarefa de identificar bons pontos de entrada e saída da bolsa.
Um modelo para cada estratégia
Os algoritmos são usados para operar volatilidade e distorções de preços de ativos, operações que já eram realizadas pelos investidores mais experientes mesmo antes da oferta desse serviço. A diferença agora está na agilidade e na eficiência: os modelos matemáticos são capazes de detectar tendências de alta ou baixa, os momentos de entrada e saída do mercado e os melhores preços de ativos para atender às especificações do investidor, aumentando as chances de sucesso e minimizando os riscos.
As operações mais comuns no segmento pessoa física têm nomes complexos: as arbitragens, as travas de opções e borboletas, os financiamentos e a colocação de ordens via melhor oferta (best offer). Além disso, algumas corretoras já oferecem operações antes só disponíveis no segmento institucional. É o caso da execução de ordens por tempo (TWAP), com parcelamento constante de execução da ordem ao longo do tempo, e da execução de ordens em função do volume do mercado (VWAP), buscando o preço médio em um determinado período, de acordo com o volume do mercado.
O uso de algoritmos por investidores pessoa física ainda engatinha no Brasil. Apesar de sua especificidade, porém, as corretoras esperam expandir sua carteira de clientes para esse tipo de serviço. “Já há um grande número de consultas de investidores sobre os algoritmos”, afirma Robson Queiroz, diretor comercial da SLW. A Link, por exemplo, já está implementando ações educativas para informar seus investidores sobre o novo sistema e espera, em breve, disponibilizá-lo em seu home broker. A Coinvalores também estuda essa possibilidade. Para Francisco Nogueira, esse é um sinal do amadurecimento do mercado brasileiro: “Temos grande expectativa de aumento do número de investidores pessoa física para os próximos anos. É natural o amadurecimento deste mercado, tornando-se fundamental que as ferramentas, serviços e estratégias das corretoras evoluam na mesma medida”, diz o operador.
Fonte: Exame