Se você é uma daquelas pessoas que têm medo de investir em ações porque não sabem a hora certa de entrar nem de sair ou já ouviu histórias de amigos que perderam dinheiro na bolsa, saiba que é possível aprender a investir de forma simples e eficiente sem ser um especialista.

O primeiro passo de um investidor de sucesso é a definição de seu perfil, base para a alocação dos recursos. Sem querer repetir o que é dito por muitos consultores, a correta alocação é responsável por mais de 90% do retorno de uma carteira.

Ou seja, é mais importante você definir quanto vai investir nos grandes grupos de investimento, como imóveis, ações e renda fixa, por exemplo, do que se vai comprar ações da Vale ou Natura.

Antes de começar a investir é preciso analisar algumas questões:

– Patrimônio líquido

– Fontes de seus recursos

– Necessidades de liquidez

– Grau de conhecimento sobre o mercado financeiro

– Tolerância a correr riscos

– Fase no ciclo da vida (acumulação, consolidação ou distribuição).

Depois disso, você estará pronto para definir sua política de investimento, que norteará como deve ser distribuído seu dinheiro e, de forma mais pontual, quanto em ações você deve investir para atingir os objetivos traçados.

Vamos supor, de forma simples, que você definiu que sua carteira de investimentos financeiros deve ter 30% em ações e 70% em renda fixa e que seus recursos totalizam R$ 100 mil. Logo, você vai investir R$ 30 mil em ações e os outros R$ 70 mil em renda fixa.

Após um tempo, você decide fazer uma análise criteriosa dos seus investimentos. Nota, então, que seus investimentos em ações valem agora R$ 35 mil e a renda fixa, R$ 71 mil. Isso significa que seu posicionamento em ações foi para 33% e, em renda fixa, 67%.

Você está, portanto, desbalanceado e deve fazer algum movimento de forma a retornar à sua alocação estratégica. Basta, portanto, resgatar R$ 3.200,00 de ações e aplicar esse valor em renda fixa, totalizando um novo montante de R$ 31.800,00 em ações e R$ 74.200,00 em renda fixa.

Fazendo isso você estará vendendo na alta e retornando aos 30/70 de perfil, mesmo sem ter um sofisticado entendimento sobre o mercado acionário.

Suponhamos agora o caso contrário. Imagine que a bolsa caiu 20% e a renda fixa valorizou o mesmo tanto anterior. Logo, você agora tem R$ 24 mil em ações e R$ 71 mil em renda fixa, o que significa 25% dos investimentos em ações e os outros 75% em renda fixa. Isso está totalmente fora de sua meta.

Como disciplina é fundamental para realizar tudo na vida, é hora de você fazer o inverso, ou seja, resgatar R$ 4.500,00 de renda fixa e investir em ações, voltando ao velho e fiel 30/70.

O rebalanceamento é uma ferramenta simples e muito importante para controlar o risco da carteira, impulsionando sua performance de acordo com o seu perfil de investidor. Só resta saber, então, com qual periodicidade deve-se fazer esse reposicionamento dos seus investimentos.

Pode ser, por exemplo, trimestral ou anual. Esse não é o “X” da questão. O mais importante é fazê-lo sempre na mesma época do ano, para criar o hábito e não cair no esquecimento. Outra possibilidade é rebalancear quando a alocação estiver 5% distante do peso-meta definido para a alocação. Em outras palavras, utilizando o exemplo aqui citado, quando o percentual em ações tiver alcançado 35% ou 25%, é hora de reacomodar a alocação de seus investimentos.

Alguns críticos da técnica argumentam que o rebalanceamento pode não proporcionar o maior retorno à carteira. Em alguns casos, isso pode ser verdade. Mas a adesão à metodologia é aconselhável quando se consideram dois pontos:

– A boa técnica de gestão advoga uma coerência à sua política de investimento como ponto central para obtenção dos resultados almejados,

– Para obter o maior retorno possível pode ser necessário correr riscos acima do desejável pelo investidor.

O rebalanceamento é importante quando se considera que, afinal, uma noite de sono bem dormida por conta de disciplina é sempre bom.

Fonte: Lillian Gallagher/Valor

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