Minha poupança está distribuída da seguinte forma:
– R$ 200 mil em um plano de previdência PGBL
– R$ 200 mil em fundo de Vale/FGTS
– R$ 150 mil em fundo de ações da Vale
– R$ 50 mil em fundos de ações da Petrobras
Tenho 59 anos e pretendo parar de trabalhar aos 65 anos. Já recebo uma aposentadoria, hoje em torno de R$ 2.600,00 mensais. Mas, como continuo trabalhando, tenho renda em torno de R$ 10 mil mensais. Meus gastos estão em torno de R$ 5 mil mensais. Tenho capacidade de poupar R$ 3 mil por mês. Pretendo parar de trabalhar aos 65 anos com uma renda mensal em torno de R$ 5 mil mais a aposentadoria. Com retiradas mensais de R$ 5 mil das aplicações a partir de 65 anos, como realizar o cálculo para garantir esses saques ao longo da minha velhice, que pode se estender até os 80 ou 90 anos, e ainda garantir alguma sobra de capital para viagens e imprevistos como doenças. Penso também em optar pelo resgate da previdência privada e aplicar em um fundo de renda fixa, para diversificar aplicações de risco, e manter os demais fundos de ações, que julgo com boa rentabilidade no longo prazo.
Angela Nunes Assumpção, CFP: Quando realizamos o nosso planejamento financeiro, imaginamos o quão independente, tranquila e dignamente gostaríamos de viver a nossa “maturidade”.
Precisamos, inexoravelmente, projetar com qual montante de reservas chegaremos a esse momento e se essas reservas nos proporcionarão o nível de renda desejado ao longo da esperada longevidade.
É uma questão “matemática”, um fluxo de caixa. Será o montante de reservas acumulado ao longo da vida ativa que nos proporcionará – ou não – uma determinada renda futura por um determinado período de tempo.
Para não corrermos o risco de não ter recursos suficientes no fim de nossas vidas e passarmos a depender de outras pessoas, façamos como dizia a minha avó: “sejamos prudentes”.
Vamos imaginar que, como citou o nosso leitor, viveremos no mínimo 90 anos, melhor ainda, 100 anos.
Uma vez definido o horizonte de tempo que as reservas terão de durar para cobrir as nossas necessidades futuras, vamos avaliar as nossas reservas atuais e qual a nossa capacidade de aumentá-las e/ou constituí-las ao longo da nossa vida “ativa” profissional.
Para toda essa análise um fator é determinante: o nível da taxa de retorno real líquido (descontados a inflação e o Imposto de Renda) utilizado nos cálculos.
Quanto mais altas as taxas de retorno, mais favoráveis ficarão nossas projeções; quanto mais baixas, mais conservadora e “defensiva” será a nossa análise.
Como estamos trabalhando com projeções de longo prazo, o ideal é que se utilize taxas de retorno reais líquidas bastante conservadoras, especialmente se considerarmos que as expectativas para as taxas de juros brasileiras são de queda.
Portanto, muita atenção: a equação entre o desejado e o possível poderá não fechar. E se esse for o nosso caso, quanto mais tarde descobrirmos quais são as nossas reais possibilidades, mais difícil será buscarmos alternativas para ajustar o nosso planejamento financeiro.
Respondendo ao nosso leitor. Pelos cálculos feitos com base nas informações apresentadas, considerando-se a longevidade de 90 anos e o atual nível de taxa de juros real líquida, a situação é relativamente confortável para a renda futura desejada de R$ 5 mil por mês.
Porém, usando-se um cenário mais conservador – aumentando-se a longevidade e/ou reduzindo-se a taxa de retorno líquida (em torno de 3% ao ano) -, o montante de reservas possivelmente será insuficiente para se atingir a renda futura desejada.
Em relação à mudança de posição da previdência privada para um fundo de renda fixa, algumas ponderações:
– Qual o perfil da carteira – está diversificada entre renda fixa e renda variável ou é só renda fixa?
– Qual o custo – taxa de administração?
– Qual a modalidade de renda?
– Qual o situação tributária – regime e alíquota?
É preciso analisar todos esses dados antes de decidir pela migração do PGBL para a renda fixa.
Angela Nunes Assumpção é Planejadora Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) E-mail: angela@moneyplan.com.br
Fonte: Valor