O décimo aniversário de venda do primeiro iPod acontecerá na próxima semana, com a Apple ainda dominando o mercado de tocadores de MP3. Mas a companhia lidera em uma categoria que sofre um declínio alarmante.

Mais de 300 milhões de iPods foram vendidos desde seu aparecimento nas lojas, em 10 de novembro de 2001. Segundo a empresa de pesquisas NPD, a Apple detinha em agosto 78% do mercado americano.

O iPod não só revolucionou os tocadores de música digitais como também levou diretamente à criação do iPhone, do iPad e ainda permitiu à Apple ir além do computador pessoal (PC) para abalar os setores de mídia e de telecomunicações.

Mesmo assim, enquanto os negócios da Apple com o Mac, o iPhone e o iPad estão aquecidos, as vendas do iPod – os modelos Shuffle, Nano, Classic e Touch – caíram 27% no terceiro trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado, para 6,6 milhões de unidades. Foi o décimo trimestre consecutivo de queda nas vendas.

A Apple ainda vendeu 42,5 milhões de iPods no último ano, e outros tocadores de MP3 estão em situação ainda pior. A Microsoft anunciou no mês passado o fim da produção do tocador Zune, depois de cinco anos, e agora está concentrando sua estratégia de música móvel nos smartphones Windows Phone. Seus smartphones e tablets agora incluem as funções de tocador de música MP3, que foram fundidas a outras, como jogos, vídeo, acesso à internet e aplicativos móveis.
“De certa forma, o iPod já teve o seu auge, mas em outro sentido ele evoluiu para o iPhone”, afirma Tim Bajarin, observador da Apple e consultor da Creative Strategies.

Bajarin afirma que a Apple vem “encolhendo pelo design” a participação de mercado do iPod para promover o iPhone, embora a companhia afirme que os últimos produtos foram criados porque ela anteviu um declínio do mercado dos modelos Classic, Nano e Shuffle do iPod.

“Essa é uma das razões originais que nos levaram a desenvolver o iPhone e o iPod Touch”, disse o diretor financeiro Peter Oppenheimer a analistas, quando revelou pela primeira vez a queda das vendas do iPod, em julho de 2009. “Achamos que nossos tocadores de MP3 tradicionais vão decair com o tempo, na medida em que nos canibalizamos com o iPod Touch e o iPhone.”

O sucesso do iPod Touch, que é mais um iPhone sem os chips 3G do que um iPod e é descrito pela Apple como o maior aparelho portátil de jogos do mundo, vem mascarando a queda íngreme das vendas em outros modelos voltados principalmente para a música. Ele responde por mais de metade das vendas do iPod.

Oppenheimer disse acreditar que os iPods ainda representam um grande negócio e vão durar por muitos anos. Com os preços dos iPods começando em US$ 49 para o Shuffle, para muitas pessoas eles também servem como uma introdução aos produtos da Apple, com cerca de metade das vendas do iPod ainda derivada dos compradores de “primeira viagem”.

“O iPod é que deu início ao ‘efeito auréola’ para outros produtos – as pessoas entram nas lojas para comprar um iPod e se deparam com os Macs e os iPhones”, afirma Bajarin.

Tony Fadell, criador do iPod, diz que o aparelho originalmente foi pensado para impulsionar o serviço iTunes, da Apple – o serviço de músicas digitais para o Mac, lançado em 2001, que poderia transferir músicas para os primeiros reprodutores de MP3, como os das marcas Rio e Creative Labs.

“Recebi uma ligação e disseram que tínhamos algo ótimo, chamado iTunes, e que testaram todos esses reprodutores de MP3 e que eram horríveis, então, talvez eu pudesse ajudar a elaborar um”, conta.

O cofundador da Apple, Steve Jobs, escolheu um dos três projetos que Fadell apresentou em abril de 2001. O disco de rolagem tornou-se recurso central do primeiro iPod e Fadell diz que a simplicidade do projeto obrigou sua equipe a simplificar todas as ações associadas ao aparelho, passando as funções mais complexas para o iTunes, o que o transformou em um aparelho fácil de usar pelos consumidores.

Ele ainda sente sua influência e destilou a essência do iPod em seu produto mais novo, recém-lançado, o termostato “inteligente” Nest, que consiste em apenas um mostrador com um visor colorido no meio.

O formato do iPod Nano mais novo, assim como as versões do Walkman, da Sony, tem como alvo o mercado de corredores: é pequeno, tem um conta-passos embutido e um gancho para pendurá-lo à roupa.

“As atividades esportivas, claramente, são uma aplicação, já que as pessoas precisam de algo pequeno e leve que possam pendurar na roupa”, diz o analista Roger Kay, da Endpoint Technologies. “Acho que o mercado para esse tipo de produto poderia continuar para sempre.”

Fadell também vê futuro para o iPod enquanto as pessoas gostarem de música. “Pode transformar-se em um produto final diferente, mas acho que o iPod, em termos de reproduzir todas suas músicas, não importa onde você esteja, nunca vai sumir”, diz.
Fonte: Valor

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