Assistir à TV em qualquer lugar e a qualquer hora tem se tornado um hábito mais comum nos últimos dois anos. Canais e operadoras de TV investem no conceito de múltiplas telas, com acesso a seus conteúdos via internet pelo computador, tablets e smartphones.
Até agora, porém, as ofertas concentram-se nas transmissões de conteúdo gravado e não na programação ao vivo, salvo iniciativas como a transmissão de jogos de futebol pelo serviço PremiereFC.com. Para assistir aos programas na hora em que eles são exibidos, muitos consumidores apelam para sites que fazem retransmissões de forma ilegal e com baixa qualidade. Para a SlingMedia, essa é uma oportunidade de negócio. A companhia americana é dona da SlingBox, uma caixinha que redireciona para a internet o sinal que chega à TV. Feito isso, o espectador pode acessar todos os canais que tem em casa, por meio de um site ou um aplicativo para tablet ou smartphone. O equipamento voltará ao mercado brasileiro no dia 17.
Segundo Decio Libertini, diretor da Flex, empresa brasileira que fará a distribuição do aparelho, a SlingBox permite acessar, inclusive, programas gravados nos serviços de TV paga. De acordo com o executivo, o equipamento não funciona como um ponto adicional da TV, mas como um espelho do que está sendo transmitido no momento.
Isso significa que se o pai entrar no aplicativo para assistir ao jogo de quarta-feira à noite durante uma viagem de negócios, os filhos não poderão colocar no canal de filmes. E se alguém mudar de canal, o outro terá que assistir ao programa escolhido. É uma reedição, no mundo virtual, da guerra pelo controle remoto. Cada SlingBox só permite uma conexão por vez.
O produto já foi vendido no Brasil entre 2006 e 2008 pela operadora TVA. Por pressão dos donos de conteúdo, no entanto a operadora desistiu do equipamento. Na época, a SlingBox era um produto recém-lançado (estreou nos Estados Unidos em 2005) e a discussão sobre as múltiplas telas ainda engatinhava. As programadoras mostraram-se, então, resistentes à ideia de ter suas produções exibidas fora da residência do cliente. Hoje, o SlingBox é vendido em 22 países.
A projeção, disse Libertini, é que as vendas cheguem a cinco mil unidades mensais nos primeiros seis a nove meses, com foco nas classes A e B. “Vemos um potencial muito grande no mercado brasileiro”, disse Mauricio Perez, diretor de produtos da SlingMedia, ao Valor.
O primeiro modelo a ser lançado será o 350. A pré-venda começa na terça-feira com um pequeno lote de aparelhos. Segundo Libertini, há uma lista de espera com pelo menos 500 interessados. A disponibilidade geral será no fim de outubro. O aparelho custará R$ 799. A expectativa é iniciar a fabricação local no começo de 2014.
O desafio será contar com o apoio de programadoras e operadoras de TV. Segundo Libertini, há interesse em fazer parcerias. Para a Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), ainda é cedo para avaliar os impactos do produto no Brasil. Em nota, a Net ressaltou que as operadoras já permitem que seus clientes assistam à programação pela internet sem precisar de equipamentos como a SlingBox. A Telefônica/Vivo não retornou o pedido de entrevista. A Embratel não conseguiu localizar um porta-voz para comentar o assunto.
Fonte:Valor