Dizem as más línguas que os bancos dão guarda-chuvas a seus clientes em dias ensolarados, mas os pegam de volta quando começa a chover. Na crise de 2008, com a expectativa de aumento do desemprego e da inadimplência, por exemplo, a maioria das instituições financeiras fechou as torneiras do crédito e deixou de financiar os clientes com um perfil de risco maior – os mesmos que ganharam acesso a empréstimos nos anos anteriores de bonança.
O que pouca gente sabe é que, no Brasil, quem é proprietário de um imóvel 100% quitado tem uma espécie de guarda-chuva vitalício. Esse privilégio deve-se à disseminação de uma modalidade de crédito conhecida como refinanciamento – também chamada erroneamente de hipoteca. Nas operações de refinanciamento, são liberados empréstimos com algumas das taxas mais baixas disponíveis para pessoas físicas.
No melhor cenário, é possível tomar empréstimos de até 500.000 reais com juros de 1% ao mês mais correção pelo IGP-M. Como comparação, os juros médios cobrados no cheque especial ou no cartão de crédito chegam a 8% ao mês. Mesmo empréstimos tidos no mercado como baratos, como os consignados, não são tão vantajosos como o refinanciamento. Na verdade, entre as poucas linhas mais baratas estão as operações de crédito imobiliário dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que possuem subsídios e incentivos.