Por Lucy Kellaway
Certa noite da semana passada, eu estava na cozinha preparando uma xícara de chá quando meu filho entrou pela porta. Desde que ele terminou o ensino fundamental no último verão e agora passa os dias trabalhando em uma lanchonete e as noites entregando pedidos em uma rede de fast-food, dificilmente consigo vê-lo.
“Como você está?”, perguntei. “Vou bem”, respondeu. “Esses empregos que você arrumou”, continuei, “já lhe ensinaram alguma coisa interessante sobre o trabalho, a vida ou qualquer coisa?” “Sim”, disse ele. “Eles me ensinaram que gosto de receber pelo meu trabalho.”
Fiz a pergunta influenciada por uma postagem no blog da “Harvard Business Review”, que afirmava que empregos humildes ensinam os jovens mais sobre o trabalho do que estágios não remunerados em uma produtora de cinema, por exemplo. O autor, que é professor em uma faculdade de direito, já foi ajudante de garçom e faxineiro. Segundo ele, essas ocupações ensinaram lições valiosas, que continuam sendo úteis.
Eu já vinha percebendo o sentido de seu argumento. *Ser pago é realmente muito bom. É uma pena que a maioria de nós se acostuma a isso a ponto de esquecer o quanto o dia de pagamento é prazeroso.
E o quê mais? Ele disse que iria pensar a respeito e depois me responderia. Afinal, não podia chegar atrasado para o turno da noite. Isso levou à segunda revelação: *Se você está ganhando sete libras por hora, precisa trabalhar mais tempo que um banqueiro de investimento para ganhar algum dinheiro.
Chegamos, desse modo, à terceira revelação: *Ganhar salário mínimo é bom quando você mora de graça, tem uma cama quentinha à sua espera, e a geladeira sempre cheia. Para os demais, é um jogo de sobrevivência e você não entende como eles conseguem.