Jeffrey Abrahams, 65 anos, é headhunter. Mais de 75% dos negócios da consultoria que leva seu nome vêm de multinacionais ligadas ao agronegócio, setor com potencial para crescer acima da média da economia brasileira como um todo.
Mesmo com perspectivas positivas e os negócios bem encaminhados, Abrahams decidiu cortar despesas. Mudar alguns hábitos. E ele não teve nenhuma despesa pessoal inesperada. Nem foi excluído do topo da pirâmide social. Ele e a esposa Flávia continuam integrando a classe A, quando se considera a classificação da Fundação Getulio Vargas – que estipulou como A quem tem renda superior a R$ 9.745 por mês. A mudança de hábitos tem outra justificativa.
“Estamos tomando consciência de que alguns preços são um verdadeiro abuso”, diz Flávia, artista plástica de 63 anos. Abrahams enumera alguns que classifica como revoltantes: a consulta médica dobrou de preço; os remédios de uso crônico subiram muito; o charuto brasileiro ficou mais caro que o cubano; o custo do estacionamento extrapolou “o limite do bom senso”. Fora os cuidados com higiene pessoal, como cabelo e manicure. “No salão onde eu ia toda semana, o preço da manicure subiu para R$ 45. Agora, pago menos da metade no meu bairro”, diz Flávia. O hábito de almoçar e jantar fora semanalmente também foi abandonado. “Os preços nos restaurantes ficaram abusivos. Percebo que a minha inflação é mais alta do que a que vejo nas notícias”, afirma Abrahams.