De carona no crescimento do crédito imobiliário, instituições financeiras de menor porte tentam provar que o financiamento da casa própria não é só coisa de banco grande. Em meio ao contorcionismo para atuar no segmento sem esbarrar na curta duração de suas fontes de captação, há quem venha procurando elos menos visados da cadeia imobiliária para tentar irrigar com crédito. Entre os pequenos do crédito imobiliário, estão nomes como os do banco mineiro Intermedium, o banco Máxima ou o inusitado Conglomerado Financeiro Barigui, do sul do país.
Sem recursos de poupança, a tradicional fonte de captação para empréstimos imobiliários no Brasil, essas instituições têm recorrido ao mercado de capitais como a principal fonte de suas captações. Isso faz com que seu perfil de empréstimos precise ter um prazo muito menor do que os até 35 anos que os grandes bancos oferecem para pagar a aquisição de imóveis.
Por isso mesmo, embora operem no crédito para a compra da casa própria, as instituições menores concentram suas operações em nichos menos ortodoxos. Caso do refinanciamento imobiliário, em que o tomador dá a casa quitada como garantia, ou da compra de carteiras de financiamentos imobiliários das próprias construtoras. Quando operam na aquisição de imóveis, como o Intermedium, costumam fazê-lo mais nas faixas acima do teto de R$ 500 mil em que os bancos podem usar a poupança como fonte de recursos – e limitando prazo a até 15 anos.
O banco Intermedium, que pertence à família Menin, dona da incorporadora MRV, conta com uma carteira de R$ 280 milhões em crédito imobiliário. Cerca de 30% desse estoque é para aquisição de imóveis. “Há um movimento mundial de repensar operações de crédito imobiliário com prazos mais longos. O máximo que fazemos nessas operações é 15 anos. Em média, elas são fechadas em 160 meses”, afirma João Vitor Menin, diretor da instituição financeira.
Nesses casos, a captação é feita via Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) com prazos médios de dez anos, ou seja, menor que o prazo em que empresta. “Um casamento perfeito entre os dois é utópico”, afirma o executivo.
A questão é que buscar recursos via mercado de capitais tem um custo maior para as instituições menores do que a captação da poupança nos grandes, o que resulta em taxas mais caras na ponta final do tomador. As taxas do banco mineiro para aquisição de imóveis ficam, em média, em 12,68% ao ano mais IGPM, enquanto a média do mercado, que trabalha com recursos da poupança, sai a 10% ao ano mais a Taxa Referencial (TR).