Se você acha que o preço de casas e apartamentos subiu demais nos últimos anos, saiba que os terrenos se valorizaram ainda mais. Segundo o professor João da Rocha Lima Jr., do Núcleo de Real Estate da Poli-USP, um terreno, que historicamente representava algo em torno de 15% a 25% do custo total de um empreendimento imobiliário em São Paulo, hoje já chega a 30% a 35%.
Por trás dos investimentos em terrenos, entretanto, há uma lógica bem diferente da compra de apartamentos ou salinhas comerciais para aluguel. No segundo caso, é possível alugar os imóveis e obter uma renda mensal. Já compra de terrenos com fins de investimento só será vantajosa se houver a efetiva valorização das terras. A seguir, Sérgio Pereira, diretor da empresa de loteamentos Vallor Urbano, explica os riscos e as vantagens desse tipo de investimento:
“É bem comum que haja em qualquer família brasileira alguém que ganhou muito dinheiro com a compra de terrenos. Com o desenvolvimento das cidades brasileiras, essa é uma forma de fazer poupança de longo prazo e lucrar com a valorização natural das terras em áreas urbanas.
Gosto de citar um exemplo de um loteamento da Vallor Urbano em Ribeirão Preto, em São Paulo. Vendemos lotes por 18.000 reais em 2005 que hoje, seis anos depois, têm sido revendidos por 75.000 reais. Os preços mais que quadruplicaram. Mesmo descontando a inflação do período, foi um investimento interessantíssimo para quem comprou lá atrás.
Isso não quer dizer que a compra de terrenos não exija cuidados. O principal risco é o de comprar um terreno irregular. É necessário olhar com atenção a documentação do lote. Na própria cidade de São Paulo, muita gente ficou rica ao lotear terrenos próximos a áreas de mananciais ou de proteção ambiental onde nenhum imóvel poderia ter sido erguido.
O golpe básico envolve a compra de um terreno desses por um preço baixíssimo, já que o valor da terra é determinado principalmente pelo seu potencial de aproveitamento. O terreno é colocado em nome de uma associação de moradores e, às pessoas, é vendida uma quota que corresponde a uma fração daquela área. Isso é totalmente irregular, mas acontece com razoável frequência.
Antes de comprar um terreno, a primeira coisa que alguém deve pedir é a matrícula individual do lote. A matrícula é uma espécie de certidão de nascimento de um lote e garante ao proprietário que aquilo não é fruto de uma ocupação irregular. Apenas com a matrícula, o comprador já consegue evitar 95% dos problemas que podem ser descobertos com a compra de terrenos.
O documento deve ter sido registrado no cartório de imóveis, que tem a obrigação de fornecer a informação sobre o status do lote a interessados. Empresas sérias de loteamento já colocam um advogado nos plantões de venda que possa mostrar o documento e tirar eventuais dúvidas dos compradores.
As pessoas cautelosas também devem checar na prefeitura que tipo de construção é permitido em determinada região para não descobrir somente após a compra do terreno que ele não pode ser usado para o fim planejado. O uso do solo é regulado por leis municipais e a prefeitura é obrigada a conceder informações sobre a lei local de zoneamento.
Por último, em caso de loteamentos que ainda não estão prontos, é necessário checar se a empresa tem os alvarás e licenças necessárias ao desenvolvimento da obra. A empresa de loteamento que comercializa uma área é responsável por trazer energia, esgoto, captação de áreas fluviais, asfalto, guias e sarjetas para um condomínio. Sem a infraestrutura, é improvável que haja grande valorização das terras.
Fonte:Exame
A maioria das pessoas que compra terrenos não toma esses cuidados e assume um risco alto.