Quando se começou a falar em aparelhos de TV com conexão à internet, a expectativa era de que o consumidor, ao assistir a um programa de TV, poderia selecionar os produtos exibidos e comprá-los com um clique no controle remoto. Não foi o que aconteceu. As TVs conectadas estão disponíveis no Brasil desde 2010, mas ainda parece distante o dia em que será possível comprar, via TV, o vestido da mocinha da novela.

Várias empresas, no entanto, começam a usar essa mídia para ofertar produtos e serviços. A Tecnisa vai colocar no ar nos próximos dias um aplicativo para as TVs conectadas da Samsung. Por meio dessa aplicação, os consumidores poderão pesquisar imóveis, ver mapas, plantas e ilustrações e obter o contato com o corretor, que ficará disponível das 8 horas à meia-noite. Para os clientes da incorporadora, o aplicativo permitirá acompanhar o andamento das obras de imóveis adquiridos na planta.

Romeo Busarello, diretor de ambientes digitais e relacionamento da Tecnisa, diz que dois fatores pesaram na decisão de investir na tecnologia. Um deles é que boa parte dos consumidores pesquisa imóveis na internet à noite, em casa. Outra razão é o custo: o aplicativo, desenvolvido pela Pontomobi, pertencente ao grupo RBS, custou R$ 40 mil. “É um valor baixo para uma ferramenta de marketing que fica na casa do consumidor. Se custasse R$ 1 milhão, pensaria se investiria agora ou futuramente”, diz Busarello.

Segmento alcançou 20% do mercado total de televisores no país em 2011 e pode chegar a 35% neste ano

O Banco do Brasil (BB) também apostou no segmento de aplicativos para TVs conectadas. Desde setembro, o banco fechou acordo com a LG Electronics para oferecer o aplicativo, que possibilita realizar operações como transferências, resgate de aplicações e obtenção de senha para saque sem cartão em agências. “Tudo que o cliente realiza na web ele pode fazer na TV digital”, afirma Pedro Acácio Bergamasco, gerente executivo da unidade gestão de canais do BB. O aplicativo tem atualmente 15 mil usuários. Até abril, o Banco do Brasil pretende lançar uma versão para TVs da Samsung.

Para companhias como a Tecnisa e o Banco do Brasil, os aplicativos para TVs conectadas são um segmento de mídia ainda pequeno, mas que tende a ganhar espaço à medida que cresce a adoção de TVs com conexão à internet no país.

Segundo informações da GfK Retail and Technologies, de janeiro a outubro as vendas dessas TVs haviam aumentado 517%, chegando a 1,3 milhão de unidades. Os fabricantes estimam que as vendas em 2011 somaram 2 milhões de unidades, representando 20% das vendas totais de televisores no país. A expectativa dos fabricantes para este ano é que as vendas de TVs conectadas dobrem, para 4 milhões de unidades, alcançando uma participação de 35%.

Por conta desse cenário, a procura das empresas por aplicativos cresceu significativamente nos últimos meses. A Samsung, que no ano passado vendeu no país 300 mil TVs conectadas e prevê chegar a 1 milhão de unidades neste ano, viu multiplicar-se o número de aplicativos para suas TVs. Em 12 meses, esse volume passou de 50 para 350 aplicações, diz Rafael Cintra, gerente sênior de TVs, áudio e vídeo da Samsung. No mundo, a empresa possui 500 aplicativos do tipo.

Cintra observa que os primeiros aplicativos foram lançados por grupos de mídia e de internet, mas a entrada de empresas de outros setores está se tornando mais comum. “Há muitas companhias interessadas em desenvolver aplicativos para prestar serviços ou se aproximar dos consumidores.”

O UOL está entre os grupos que entraram no segmento de aplicativos para TVs conectadas em 2010. Atualmente, o portal dispõe de aplicações para TVs conectadas da Sony, Semp Toshiba e LG Electronics. No caso da LG, o aplicativo do UOL é patrocinado pelo Bradesco, diz Julio Cesar Gomes Duran, diretor de concepção interface de produtos do UOL. A companhia planeja fechar acordos com mais fabricantes neste ano.

“Atualmente, também estamos desenvolvendo novos formatos para atrair anunciantes aos aplicativos”, diz o executivo. Duran afirma que empresas anunciantes ainda consideram os aplicativos para TV conectada um produto segmentado. Pelo fato de o número de usuários de celulares e de computadores com acesso à internet ser maior, a preferência dos anunciantes recai sobre essas mídias, mais conhecidas. O UOL não divulga o número de usuários dos aplicativos para TV. Duran diz apenas que os conteúdos de vídeo são os mais acessados e superaram as expectativas do UOL e dos fabricantes.

Milton Neto, gerente-geral de TVs conectadas da LG, também vê uma demanda aquecida das empresas por aplicativos. “Existe bastante interesse das companhias em aproveitar essa plataforma para realizar ações de marketing ou prestar serviços”, afirma.

De acordo com o executivo, a LG conta com 500 aplicativos, sendo que 100 foram desenvolvidos por empresas brasileiras. No ano passado, a fabricante dispunha de 100 aplicativos no mundo. “Este vai ser um ano muito importante para o setor de smart TV. A expectativa é que o mercado amadureça e invista mais nessa plataforma”, afirma Neto. A LG não divulga número de vendas; informa apenas que do total de vendas de TVs no ano passado, 40% foram de TVs conectadas e aparelhos 3D. Para este ano, a expectativa é que esse percentual chegue a 50%.

Luciano Bottura, gerente da linha Bravia, da Sony, observa que o país já é o quinto maior do mundo em número de TVs conectadas. À medida que a tecnologia se torna mais comum, cresce o interesse dos usuários por conteúdo. “O consumidor está aprendendo a acessar conteúdos por internet na TV e o nível de exigência aumenta”, afirma Bottura. A Sony tem atualmente 40 aplicativos para TVs conectadas. Em fevereiro, a fabricante fechou parceria com a locadora on-line NetMovies, para oferecer um serviço de vídeo sob demanda por assinatura. Fonte:Valor

Write A Comment

Bitnami