Hotéis de luxo estão incrementando suas iniciativas para cuidar de seus hóspedes pequeninos, em resposta ao fato de mais pais estarem levando suas crianças em viagens de férias.

O aumento do número de casais que têm filhos mais tarde na vida – quando têm também mais dinheiro para viajar – está tendo um papel nisso. Assim como estão os sessentões que organizam viagens com seus filhos e netos, e geralmente pagam as despesas.

“Conquistar o coração das crianças é o meio mais poderoso de conquistar o coração dos pais”, diz Mark Novota, sócio-gerente do Wequassett Resort and Golf Club, um hotel campestre de 120 quartos em Chatham, Massachusetts, que abriu um novo centro para crianças em 2009.

Essas novas iniciativas vão muito além de livros coloridos no check-in e ursinhos de pelúcia na saída.

Este mês, o Rosewood San Miguel de Allende, no México, lançou o programa “Pequenos Picassos”, em que as crianças estudam os trabalhos de artistas como Leonardo da Vinci e Pablo Picasso e então criam suas próprios desenhos. No ano passado, o Rosewood lançou nos seus 17 hotéis ao redor do mundo um outro programa para crianças, o Rose Buds, que incorpora elementos do método montessoriano de educação infantil. Os hotéis também começaram a estocar monitores de bebês e grades para camas de crianças.

Na semana passada, a Hyatt Hotels Corp. apresentou um novo menu para crianças que incluía uma refeição de três pratos criada pela chefe de cozinha Alice Waters. Entre os novos pratos: “peixe do dia com cuscuz, salada de repolho com molho de maionese e tempero de laranja e hortelã”.

Ainda este ano, o Esperanza, um hotel do grupo Auberge Resort em Cabo San Lucas, no México, permitirá às crianças “adotar” filhotes de tartarugas marinhas e soltá-las na praia.

Os clubes para crianças que pretendem dar aos pais o tempo a sós que eles desejam já existem há anos em redes como o Club Med e outras cadeias de hotéis de preço médio. Entreter as crianças, porém, é algo novo em muitos hotéis de luxo, principalmente os das cidades, que se concentram em casais afluentes e pessoas viajando a negócio.

As iniciativas são também muito mais elaboradas: quanto mais interessante o clube infantil, é claro, menores as chances de sentimento de culpa dos pais por deixar as crianças de lado e irem fazer programas de adultos. E, enquanto antigamente os serviços para bebês e crianças de colo consistiam em deixar os bebês numa sala com uma babá, as novas iniciativas fazem muito mais pela turminha.

Este ano, o Ritz-Carlton, St. Thomas no Caribe inaugurou um menu de spa para crianças a partir de dois anos. Elas podem ter até um serviço de manicure e pedicure por US$ 35 e US$ 45, respectivamente.

Kara Sigler acabou de voltar de uma semana de férias no Wequassett de Cape Cod, no nordeste dos Estados Unidos. Ela já está planejando voltar no ano que vem – e em todos os anos seguintes. Ela geralmente não planeja as coisas com tanta antecedência. Mas a menina de 8 anos de idade adorou o sorvete grátis duas vezes por semana na beira da piscina e tomar café da manhã especial para crianças usando uma tapa-olho de pirata.

“Uma tela enorme descia e a gente jogava Wii e Xbox” no clube das crianças, diz Kara, que mora com seus pais e seus dois irmãos em Waterford, no Estado americano de Michigan.

No Wequassett, as crianças de 2 a 4 anos têm suas próprias atividades das 9h às 10h30. “Eu fiquei meio surpresa quando eles aceitaram uma criança tão nova”, diz Shelly Sigler, mãe de Kara e Dean Jr., 11. Enquanto seu filho caçula, Mason, de três anos, participava das atividades, Sigler escapou para uma caminhada sozinha.

Com todo esse foco nas crianças, o que acontece com os casais que não as têm? Ou quem está passando férias sem elas? Muitos hotéis, obviamente, têm piscinas só para adultos. E mesmo os mais voltados para as crianças tentam controlar o possível caos.

O Wequassett começou este mês a oferecer às crianças um elaborado café da manhã num navio pirata, para “evitar o que poder ser uma sala de refeições caótica”, diz Novota. O navio pode ser preparado como uma sala separada do café da manhã principal.

Novota diz que durante o punhado de dias em que o hotel ficou cheio de crianças, ele abriu um segundo restaurante somente para o café da manhã de adultos. Ele está cogitando fazer desta uma opção permanente durante a alta temporada.

Cerca de 57% dos viajantes disseram que ter um clube para crianças ou atividades para a família era “extremamente ou muito desejável” num destino de viagem, segundo uma pesquisa feita em 2011 pela firmas MMGY Global e Harrison Group com 2.539 pessoas que estavam viajando de férias. Esse número foi de 49% em 2010. E 45% dos viajantes na pesquisa de 2011 disseram que as crianças participaram do planejamento das férias deles.

Mas pode ser difícil impressionar crianças – especialmente as que frequentam hotéis de luxo. “A gente tem de oferecer alguma coisa especial”, diz Robert Cheng, vice-presidente de marketing do Peninsula Hotels. “As crianças de hoje podem ser bem mimadas.”

O Peninsula achou algo que agrada até as mais paparicadas: um passeio no Rolls-Royce da casa.

Fonte: Valor

Write A Comment

Bitnami