Os lançamentos imobiliários em 2013 terminaram, neste fim de semana, para a maior parte das incorporadoras de capital aberto. O Valor Geral de Vendas (VGV) lançado no ano só será, oficialmente, conhecido a partir de janeiro, com a divulgação das prévias operacionais pelas empresas listadas em bolsa, mas o mercado espera que, em conjunto, o setor tenha lançado menos do que em 2012.

“Os lançamentos estão bastante fortes no quarto trimestre, mas deve haver queda, no ano, de pelo menos, 5% a 10% do VGV lançado”, afirma um analista que acompanha o setor. Flávio Conde, da Gradual Investimentos, estima que os lançamentos das incorporadoras de capital aberto tenham encolhido em 2013. “É saudável que empresas com problemas tenham feito ajustes”, diz, ressaltando que o mercado está mais seletivo.

Em 2014, poderá haver expansão do conjunto lançado pelas incorporadoras listadas em bolsa, mas não se espera que isso ocorra em proporções expressivas. “As empresas ainda têm bastante estoque, e os distratos continuam fortes”, diz o analista de construção civil da BES Securities, Eduardo Silveira. Há quem espere estabilidade do VGV lançado no ano que vem em termos reais, com crescimento apenas em linha com a inflação.

Fatores como a realização da Copa no Brasil e o período eleitoral tendem a ter impactos no ritmo de lançamentos no próximo ano, com redução acentuada ou, praticamente, suspensão de novos projetos no total de dois meses. “O ano de 2014 será parecido com 2013, com um sopro positivo”, afirma o diretor-presidente da Brasil Brokers, Sérgio Freire. Ele ressalta que a conclusão da reestruturação de parte das incorporadoras ficou para 2014.

Até mesmo a Cyrela Brazil Realty, maior incorporadora de capital aberto, poderá lançar menos, em 2013, do que o patamar de R$ 6 bilhões a R$ 6,5 bilhões que era esperado pelo mercado, de acordo com Silveira. “Nossa projeção é de R$ 5,7 bilhões para 100% dos lançamentos da Cyrela, mas pode haver queda ante 2013”, diz o analista da BES Securities. A Cyrela não tem guidance de lançamentos.

A Brookfield Incorporações, uma das empresas do setor que ainda não conseguiram dar sua guinada financeira, divulgou que tende a ser uma empresa de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões e que os esforços são para que isso ocorra em 2014, embora não tenha metas de lançamentos e vendas. De janeiro a setembro, a Brookfield lançou R$ 670,8 milhões, 49% a menos que no mesmo período de 2012.

Os lançamentos da Rossi Residencial estão abaixo do que a companhia esperava. Pouco mais de R$ 900 milhões tinham sido lançados até meados desta semana, e a empresa não divulgou se apresentaria outros projetos ao mercado ainda neste ano. Até setembro, os lançamentos da Rossi encolheram 66%, para R$ 590 milhões.

Até 15 de dezembro, a Gafisa lançou R$ 2,7 bilhões, piso da meta para 2013 que ia até R$ 3,3 bilhões. Considerando-se um lançamento ainda previsto de Alphaville Urbanismo para este ano e outro de Tenda, o VGV esperado é de pouco acima de R$ 2,8 bilhões. Para 2014, o tamanho projetado para as divisões Gafisa e Tenda é de até R$ 2,5 bilhões. Nos lançamentos consolidados da companhia, será incluída a participação proporcional dos 30% de Alphaville.

No início do mês, o diretor-presidente da Even, Carlos Eduardo Terepins, afirmou que o VGV lançado pela empresa, no acumulado de 2013, vai somar de R$ 2,2 bilhões a R$ 2,3 bilhões. Na ocasião, Terepins disse que o mais importante não é lançar um pouco mais ou um pouco menos do que no ano passado, mas ter “lançamentos assertivos, com rentabilidade adequada”. Em 2012, o VGV lançado pela Even foi de R$ 2,5 bilhões.

A concentração de lançamentos imobiliários no quarto trimestre é, sazonalmente, a maior do ano, e isso se acirrou ainda mais em 2013. De janeiro a setembro, as atenções de boa parte do setor se focaram na redução de estoques, principalmente, de unidades prontas ou em via de serem concluídas. A postergação do momento de apresentar novos projetos ao mercado resultou também de prazos mais longos do que os inicialmente esperados para a obtenção de licenças.

Mas o VGV lançado no quarto trimestre teria sido ainda maior se parte dos lançamentos inicialmente previstos para o período não tivesse sido postergada, com o objetivo de evitar velocidade de vendas menor que a projetada, devido à concorrência com outros empreendimentos. “Algumas empresas de capital aberto estão adiando lançamentos para evitar excesso de oferta”, afirma Freire, da Brasil Brokers. Do total de lançamentos por meio da imobiliária em dezembro, as incorporadoras abertas vão responder por 30%.

Conforme o diretor-presidente da Brasil Brokers, muitos lançamentos, principalmente, de São Paulo, “escorregaram de outubro para novembro e de novembro para dezembro”. “Não adianta lançar tanto ao mesmo tempo e aumentar estoques”, diz Freire. Os estoques da empresa de corretagem vão terminar o ano em R$ 24 bilhões, abaixo dos R$ 28 bilhões do início de 2013. Freire avalia que os lançamentos das incorporadoras listadas em bolsa neste ano serão semelhantes aos de 2012.

No primeiro trimestre de 2014, deve haver um “movimento bem forte” no mercado imobiliário, devido aos lançamentos que foram postergados e às ações para promover aqueles realizados nos últimos meses de 2013 e que tiveram patamar pequeno de vendas, de acordo com o presidente da imobiliária focada em imóveis novos com descontos Realton, Rogério Santos. “O ano vai começar com um número de unidades não vendidas muito grande”, diz Santos.

Em relação ao quarto trimestre, a percepção do analista da BES, é que o desempenho deve “melhorar um pouco” ante o do terceiro.

Fonte: Valor

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