A prévia da inflação oficial do Brasil – representada pelo IPCA-15 – subiu 0,54% em novembro. Embora o indicador tenha desacelerado em relação ao mês anterior, essa variação elevou a inflação acumulada em 12 meses a 5,64%, para o nível mais alto desde janeiro deste ano, confirma o IBGE. O resultado do IPCA-15 de novembro veio no intervalo das projeções de 11 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data que ficou entre 0,50% e 0,57%. Para analistas entrevistados por Tainara Machado e Francine De Lorenzo, o comportamento dos preços ainda reforça a expectativa de que a inflação não deve convergir para o centro da meta de 4,5% no ano que vem – mesmo com a redução da tarifa de energia elétrica. É exatamente a percepção de que a inflação vai trazer problemas para o governo por muito tempo, inclusive no eleitoral 2014, que parte do mercado não descarta a alta da Selic, especialmente a partir do segundo semestre de 2013. Mas, para a maioria, a retomada do ciclo de alta do juro é mais provável em 2014.

Pesquisa Valor Data com 35 economistas revela que todos esperam a manutenção da taxa básica nos atuais 7,25% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem – a última do ano. Para mais da metade, 20, a taxa fica inalterada até dezembro de 2013; 13 entrevistados contam com aumento da Selic que pode encerrar o próximo ano em até 9%; 1 economista vê sua redução para 7% e outro prefere não arriscar uma estimativa neste momento.

Os economistas consideram, contudo, que o BC não retomará o aperto monetário futuramente em defesa do regime de metas para a inflação, mas sim em função do calendário eleitoral, que poderá exigir maior controle dos preços na economia.

Solange Srour Chachamovitz, economista-chefe da BNY Mellon ARX, que está com a maioria e projeta estabilidade da Selic até dezembro de 2013, considera provável a elevação do juro no primeiro semestre de 2014, quando, avalia, o mais importante para o governo será manter a economia aquecida. Ela entende que, se o Copom iniciar o processo de subida de juros em meados de 2014, dificilmente o impacto se dará de forma total até as eleições.

“Desta forma, mesmo que pareça impopular aumentar os juros em 2014, acho que o fundamental é mostrar disposição em manter a inflação sob controle, minimizando o impacto sobre a atividade ainda em 2014”, explica a economista.

Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, para quem a Selic subirá ainda em 2013 para 8,50%, o calendário eleitoral não afetará a política monetária, “assim como não afetou no ciclo político de 2010”.

Flavio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank, que também vê Selic avançando em 2013, mas a 8,25% ao ano, continua a acreditar que as decisões de política monetária são tomadas com base em fatos estritamente técnicos, embora possam existir divergências entre o diagnóstico do BC e o do mercado em alguns momentos.

Fonte: Valor

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