O comportamento do mercado nos últimos dias lembra bem o título do seriado americano “Perdidos no espaço”. Num dia, os investidores se mostram esperançosos de que haverá uma solução rápida e indolor para a crise europeia. Já no pregão seguinte, o humor muda radicalmente, com a nítida sensação de que não há mais o que fazer e o caos é inevitável.
O começo desta semana é um ótimo exemplo dessa esquizofrenia que se instalou no mercado. Na segunda-feira, a Bovespa, juntamente com as principais bolsas do mundo, caiu fortemente, refletindo as afirmações do porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, de que, a expectativa de um novo superpacote de ajuda não passava de um sonho.
Ibovespa sobe num dia e cai no outro, com falta de rumo
Já ontem, o cenário mudou da água para o vinho e exatamente no mesmo assunto. Os mercados esboçavam tímidas recuperações, mas que se acentuaram próximo do fim dos negócios, quando o jornal britânico “The Guardian” divulgou uma reportagem dizendo que França e Alemanha chegaram a um novo acordo para resgatar os países endividados da zona do euro.
Segundo o jornal, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) deve subir dos atuais € 440 bilhões para € 2 trilhões, ou seja, um aumento considerável. A boa notícia acentuou a alta dos mercados. No caso do Brasil, o Índice Bovespa fechou em alta de 2,08%, aos 55.031 pontos.
Nessa gangorra em que estão os mercados, hoje seria a vez da queda e as notícias internacionais que saíram ontem, após o fechamento do pregão, podem endossar bem essa linha mais negativa. A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito soberano da Espanha na noite de ontem. Esse rebaixamento é o terceiro feito pela Moody’s ao país desde junho de 2010. Segundo a agência de risco, a Espanha “continua vulnerável ao estresse do mercado e a eventos de risco.”
A bolsa parece passar ao largo do burburinho sobre um possível vazamento de informações antes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ao contrário do mercado de juros. E quanto à reunião de hoje do Copom? O mercado já dá como certo um novo corte de meio ponto percentual na Selic. Portanto, se isso se confirmar, dificilmente trará grandes reflexos positivos na bolsa.
No entanto, as ações têm tudo para se valorizarem se o Copom de fato cortar a taxa de juros em um ponto e meio no total, até o fim deste ano. Juros mais baixos significam custos menores no endividamento das companhias, além de um crescimento nas vendas, consequência de uma economia forte. É esperar para ver.
Fonte:Valor