Clarice Casz Orlean é a típica frequentadora de shopping centers no Brasil. Funcionária pública do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), tem 48 anos, integra a classe B e vai pelo menos uma vez por semana ao shopping para comprar, passear, comer ou ver um filme. Seu perfil segue a tendência observada na última pesquisa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), realizada em 2012 com 3.240 pessoas em seis capitais do país.

A pesquisa mostra que o público é majoritariamente feminino e se manteve em 55% entre 2006 e 2012. A classe B, a que mais compra, tem ampliado sua importância como frequentadora desses centros comerciais. Em 2006, o consumidor da classe B correspondia a 44% do total de frequentadores de shopping. Seis anos depois, passou a ter participação de 54%.

Já a classe C, cuja expansão é a novidade do cenário econômico brasileiro, corresponde a 23% dos frequentadores, segundo o levantamento da Abrasce de 2012. Juntas, as classes de renda B e C representavam 70% das pessoas quem iam aos shoppings no país em 2009. Na pesquisa de 2012, já somavam 77%. Para a Abrasce, o aumento significativo reflete a ascensão das classes D e E, de onde cerca de 3 milhões de brasileiros migraram para classes de renda superiores, não somente a C.

Embora a maioria dos frequentadores seja formada por pessoas com idade de 20 anos a 44 anos (64%), a idade do consumidor de shopping center tem aumentado, em linha com a alta da expectativa de vida do brasileiro. Os consumidores na faixa etária de 45 anos ou mais foram os que mais ganharam espaço entre os frequentadores de shopping nos últimos anos. Em 2006, correspondia a 19% do total. Em 2009, essa participação aumentou para 24%. Três anos depois, essa faixa etária equivalia a 26% dos frequentadores.

O comportamento de consumo de Clarice também reflete a tendência observada na pesquisa, de reunir compras e uso de variados serviços no mesmo local. “Vou muito ao cinema, compro roupa, pacote de viagem, vou à farmácia, ao banco, passeio e, no fim de semana, costumo almoçar com a família no shopping. Meus filhos também sempre estão em shopping”, diz a funcionária pública, que costuma ir pelo menos uma vez por semana em algum shopping da cidade, assim como 65% dos entrevistados na pesquisa. A ida ao cinema dentro de um shopping se manteve alta entre os que vão a shopping centers. Era de 78% em 2006 e foi para 79% em 2012. Quando vai ao shopping por alguma razão,

Clarice acaba comprando algo. “Sempre tem um presente, uma oferta ou algo que estou precisando”, diz ela, que refuta ser muito consumista.

Segundo a pesquisa, a utilização de serviços financeiros apresentou forte expansão, principalmente quando se trata de agências bancárias e lotéricas. Os caixas eletrônicos continuam os mais usados e 62% dos entrevistados responderam utilizá-lo em um período de dois meses, mantendo-se no patamar dos últimos seis anos. A utilização de agências bancárias passou de 39% em 2006 para 47% no ano passado.

As lotéricas também ganharam importância e foram o destino de 39% dos entrevistados na pesquisa em 2012. Seis anos antes, esse percentual era de 29%.

De tanto comprar em shopping, Clarice ganhou um carro em um sorteio promovido pelo shopping Rio Sul no último Dias das Mães. “Fechei um pacote de viagem para o leste europeu com o meu marido e meus dois filhos para agosto. A agência de turismo havia migrado para uma loja no shopping e acabei ganhando o carro”, afirma.

O uso do carro está associado ao consumo em shopping e é a principal forma de transporte utilizada por seus frequentadores e tem apresentado alta. De 2006 para 2012, o percentual de entrevistados pela Abrasce que iam de carro ao shopping subiu de 41% para 47%. A pesquisa da Abrasce foi feita em Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Porto

Alegre e Rio de Janeiro.

Fonte: Valor

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