Segundo a mais recente pesquisa do Banco Central sobre as taxas cobradas dos clientes que usam o cheque especial, o Citibank tem o maior juro entre os 33 bancos instalados no país que oferecem essa modalidade de crédito. A filial do banco americano cobra nada menos do que 9,71% ao mês de seus clientes – ou impressionantes 204,1% ao ano. A taxa é quase cinco vezes maior que a do Banco Cruzeiro do Sul, que oferece os juros mais baixos do mercado brasileiro (1,98%). Todos os bancos são obrigados a informar semanalmente ao BC as taxas cobradas dos clientes. Segundo especialistas em finanças pessoais, os correntistas devem evitar ao máximo o uso do cheque especial. Essa modalidade de crédito só deve ser utilizada durante períodos curtíssimos de tempo para cobrir algum compromisso financeiro inadiável. Para a aquisição de bens, por exemplo, outras linhas de crédito são bem mais baratas. Segundo pesquisa do Procon-SP, a taxa média cobrada pelos bancos no cheque especial em 2009 alcançou 8,78% ao mês enquanto que os juros do empréstimo pessoal foram de 5,49%. Para quem deseja comprar um imóvel ou um veículo, a maioria dos bancos oferece linhas específicas para esses fins com juros de 1% a 2% ao mês – dependendo, obviamente, do perfil do tomador. Por último, também existe o empréstimo consignado, que está disponível para trabalhadores com carteira assinada, servidores públicos e aposentados. Nesse caso, os juros costumam ser inferiores a 3% ao mês.
Maior banco espanhol, o Santander tem um plano ambicioso de abertura de agências e de expansão da carteira de crédito no Brasil. Para fazer frente a rivais como o Bradesco, o Itaú Unibanco e o Banco do Brasil, a instituição fez no ano passado uma oferta pública de ações em que captou 13,2 bilhões de reais. O dinheiro tem sido usado para colocar mais dinheiro à disposição dos clientes que precisam de crédito. Ao menos em relação ao cheque especial, no entanto, o melhor que o correntista tem a fazer é ficar longe da linha. O Santander cobra 9,21% ao mês de juros. Isso significa que, se um cliente tomar 1.000 reais emprestado via cheque especial, ao final de 12 meses terá de pagar um montante de 2.878,39 reais para quitar a dívida com o banco. Já as menores taxas de juros são cobradas pelos bancos Cruzeiro do Sul (1,98% ao mês), Fator (2,58%), Alfa (2,69%), Intercap (3,02%), Bancoob (3,03%), Prosper (3,20%), Bonsucesso (3,52%), BicBanco (3,89%), Daycoval (3,95%) e Safra (5,35%).
O HSBC cobra a terceira maior taxa do cheque especial entre os bancos brasileiros, segundo os dados do BC. Os juros da instituição alcançam 9,17% e só perdem para os do Citibank e do Santander. Taxas como essa costumam ser consideradas abusivas por associações de defesa do consumidor e políticos em campanha eleitoral. Já os bancos geralmente se defendem com a justificativa de que o cheque especial é uma linha de crédito pré-aprovada. Isso quer dizer que o cliente não precisa pedir um empréstimo, comprovar que tem capacidade de pagamento e depois ter o dinheiro liberado ou não como em outras linhas. Como o tomador pode estar até mesmo desempregado no momento em que usa o crédito, a tendência é que a taxa de inadimplência desse tipo de modalidade seja mais alta – o que leva os bancos a pedir um prêmio maior por sua utilização.
Dados do Banco Central mostram que bancos públicos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil costumam cobrar taxas mais baixas que seus principais concorrentes privados – o Itaú Unibanco, o Bradesco e o Santander. Mas não são todos os bancos públicos que oferecem taxas vantajosas aos clientes. O Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) cobra 9,10% ao mês de juros no cheque especial, a quarta maior taxa do país. O banco possui ações negociadas na Bovespa, mas é controlado pelo governo capixaba. Em 2009, o Banco do Brasil chegou a negociar a compra do Banestes durante quatro meses, mas não conseguiu chegar a um acordo para concretizar a aquisição. Pior para os correntistas do Banestes. O BB cobra cobra 8,06% ao mês no cheque especial, a 12ª maior taxa do país.
Fonte: Exame