A Research In Motion (RIM), fabricante do smartphone BlackBerry, apresentou ontem dois aparelhos com tela sensível ao toque, que a companhia espera começar a vender nos próximos meses para competir com o iPhone, da Apple.
Os telefones Bold 9900 e 9930, os BlackBerrys mais finos produzidos até hoje, têm teclados e telas de 2,8 polegadas, segundo informaram executivos da companhia, no primeiro dia da feira anual BlackBerry World, em Orlando, na Flórida. Os aparelhos serão baseados no novo sistema operacional BlackBerry 7.
A RIM está tentando provocar agitação no mercado com seus novos aparelhos, depois que seu tablet BlackBerry PlayBook recebeu avaliações ambíguas no mês passado, e a companhia reduziu suas previsões de lucros e vendas, alegando que os novos produtos estão levando mais tempo para ser desenvolvidos do que o originalmente esperado. As perspectivas reduzidas levaram pelo menos cinco analistas a rebaixar as ações da RIM, o que foi seguido pela maior queda da ação em um único dia em 19 meses.
Jim Balsillie, coexecutivo-chefe da RIM, disse a analistas na semana passada que gostaria que os novos produtos fossem lançados mais cedo para substituir os atuais BlackBerrys, que vêm perdendo participação de mercado para o iPhone e os telefones que usam o sistema operacional Android, do Google.
Carlo Chiarello, vice-presidente responsável pelos produtos portáteis da RIM, disse ontem que os novos telefones serão lançados no mercado no fim do terceiro trimestre.
Ontem, em Orlando, Balsillie enfrentou dos investidores perguntas sobre os atrasos nos novos telefones e críticas de que a RIM não forneceu o PlayBook e software de apoio com a rapidez necessária às operadoras de telecomunicações. No lançamento do PlayBook, no mês passado, a AT&T disse que não lançaria o software que possibilita o envio e recebimento de e-mails pelo tablet porque havia recebido “apenas” o aplicativo de testes. “Não podemos dar a eles algo para ser certificado enquanto não estiver pronto”, respondeu Balsillie.
A RIM adquiriu 14 empresas em um ano, incluindo a Torch Mobile, desenvolvedora de software de navegação na internet, e a QNX, que inventou o software que serve de base para o PlayBook. Integrar essas companhias para desenvolver um novo browser e sistema operacional foi uma tarefa enorme e a RIM lançou o PlayBook no mercado tão logo foi capaz disso, disse Balsillie. “Adoraria tê-lo lançado dois meses antes”, afirmou.
Balsillie disse ter assumido o marketing do BlackBerry depois da demissão, em março, de Keith Pardy, que dirigia a área.
O PlayBook foi criticado por especialistas em tecnologia por não fornecer um programa de e-mail separado. Para acessar o e-mail no aparelho, o usuário precisa conectar nele um smartphone BlackBerry, ou ter uma conta de e-mail baseada na internet. Os aplicativos de e-mail e mensagens instantâneas exclusivos do PlayBook serão lançados no terceiro trimestre, informou Alan Panezic, vice-presidente de softwares.
Os modelos 9900 e 9930 são basicamente o mesmo aparelho, embora incorporem sistemas de transmissão projetados para os padrões GSM e CDMA, que dominam as redes de telefonia móvel no mundo.
O anúncio de apenas um aparelho “provavelmente ficou aquém das expectativas de alguns investidores, que esperavam três ou quatro lançamentos”, disse em nota a investidores o analista Mike Abramsky, do banco de investimento RBC Capital Markets em Toronto.
Executivos da RIM disseram que o novo sistema operacional permite aos usuários fazer buscas por voz e conta com um navegador de internet melhorado, que carrega páginas 1,6 vez mais rapidamente que os aparelhos com o sistema operacional BlackBerry 6.
“O browser do BlackBerry 7 é agora um dos navegadores de elite da telefonia móvel”, disse Andrew Bocking, vice-presidente de software para produtos portáteis. A RIM, que fornece serviços de e-mail sem fio para empresas e governos, disse ontem que comprou a companhia de software Ubitexx, para construir um aplicativo que permitirá aos clientes empresariais gerenciar iPhones, iPads e aparelhos que funcionam com o Android, com o mesmo sistema usado nos BlackBerrys.
O anúncio é feito no momento em que mais bancos de Wall Street e outras empresas mudam suas políticas de segurança, para permitir que seus funcionários “rodem” e-mails e softwares empresariais em seus aparelhos particulares, além dos BlackBerrys fornecidos pelas companhias.
Fonte: Valor