O mercado de imóveis de alto luxo já esteve mais aquecido no Brasil. Depois de um forte boom, com alta de cerca de 200% no número de operações nos últimos dois anos, segundo especialistas, os preços diminuíram um pouco o apetite dos compradores. “O preço subiu muito e as pessoas estão mais cautelosas para comprar”, diz Marcelo Gurgel do Amaral, diretor da Gurgel do Amaral Consultoria de Imóveis, especializado no segmento AAA.

Com isso, as vendas no segmento de alto luxo têm caído na capital paulista. “Depois de um 2011 espetacular, em 2012 foram fechados apenas 10 vendas de imóveis entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões em São Paulo”, diz Amaral. Segundo ele, as melhores oportunidades nesse segmento na cidade estão mais na compra de casas do que de apartamentos. “Há um temor em relação à segurança das casas em São Paulo, que não corresponde ao tamanho real do problema. Por isso o preço do metro quadrado está mais atraente hoje nas mansões do que nos apartamentos e coberturas.”

Amaral observa, no entanto, que o preço na cidade atingiu o teto. Segundo ele, o metro quadrado de um apartamento AAA pode chegar a R$ 25 mil em São Paulo. “Por esse preço, você pode comprar um bom apartamento no bairro de Saint Germain, em Paris, e se precisar, pode vendê-lo muito mais facilmente do que conseguiria em São Paulo.”

Para quem deseja se aventurar no exterior, há boas oportunidades em países como Portugal e Espanha, ou em mercados tradicionais, como Nova York, diz Amaral.

Já Luís Carlos Bulhões Carvalho da Fonseca, sócio da corretora Coelho da Fonseca e diretor da BCF Imóveis, observa que é preciso cautela ao optar pela compra de imóveis no exterior. “Com a crise na Europa, o investidor está mais exposto ao risco de alta nos impostos”, diz. “Além disso, o ideal é comprar o imóvel em nome de pessoa jurídica, para reduzir os tributos.”

De todo modo, o desaquecimento registrado no mercado de alto luxo de São Paulo não se repete no Rio de Janeiro, onde a pacificação das favelas, as obras de infraestrutura, a Copa, a Olimpíada e os investimentos da indústria de petróleo mantém o mercado em alta. “Antigamente vendíamos um imóvel de luxo a cada mês e um imóvel de alto luxo a cada três meses”, afirma Carlos Tristão, diretor da Alto Padrão Rio. “Hoje vendemos três imóveis de luxo por mês e imóveis de alto luxo são vendidos mensalmente. E as construtoras continuam realizando projetos de luxo já que o processo de vendas está muito acelerado – terrenos na zona sul são tão disputados que quando entram no mercado causam verdadeiros leilões.”

Esse movimento é engrossado pelos milionários paulistas, que redescobriram a cidade. “Tem muitos lançamentos. Muita gente garimpando bons imóveis nas transversais da Delfim Moreira (Leblon) e da Vieira Souto (Ipanema)”, confirma Amaral. “Quando não é para ocupar, alugam para os amigos.” A tática de garimpagem nos endereços mais exclusivos do Rio pode incluir gorjetas para os porteiros, para identificar as boas oportunidades de negócios.

Outro fator que impulsiona o mercado de alto luxo no Rio é a escassez de oferta. “Há pouco espaço para expansão dos endereços AAA”, diz Bulhões.

Mesmo assim, os corretores do segmento AAA continuam preparados para atender um público que exige um tratamento especial. “O cliente de alto luxo quer ser atendido por um profissional que possa conversar com ele de igual para igual”, lembra Bulhões. “Tem de saber comentar sobre os restaurantes em Paris ou sobre os destinos turísticos mais exclusivos. É difícil encontrar profissionais assim. Temos de selecionar um por um.”

Também se trata de um mercado em que o sigilo é fundamental. “Fazemos toda a negociação por meio de procuradores, e assinamos um termo de confidencialidade com nossos clientes, seja para a compra ou para a venda”, conta Tristão. Muitas vezes, os imóveis sequer chegam a constar nos anúncios do site da corretora.

Para Amaral, o mantra dos corretores que trabalham no segmento é localização, localização, localização. “A construção do Shopping Cidade Jardim derrubou em 50% o preço dos imóveis em uma parte do bairro, porque as casas vizinhas perderam a privacidade”, diz.

Fonte:Valor

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