Os preços continuam subindo acima das previsões do mercado e levaram os analistas a rever as projeções de inflação feitas para setembro e para o ano. De acordo com Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços subiram 0,53% entre 15 de agosto e 15 de setembro – o dobro da taxa registrada na coleta anterior. Alimentos e transportes puxaram a alta, mas os dados também mostraram uma disseminação dos reajustes em vários produtos. No IPCA-15 de setembro, 66,3% dos produtos pesquisados subiram de preço, percentual superior aos 63,7% de agosto e aos 58% de setembro de 2010 no mesmo indicador.

Com base nesse comportamento, as estimativas para o IPCA cheio do mês de setembro, que será divulgado no começo de outubro, estão sendo revisadas para cima. “Provavelmente, o indicador este mês virá acima do esperado pelo mercado. Deveremos ter pico de alta no acumulado em 12 meses”, diz o economista José Márcio Camargo, da Opus Investimentos.

Camargo estimava que o IPCA – índice oficial da inflação brasileira, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – apresentaria elevação de 0,45% em setembro. Depois da divulgação do IPCA-15, a expectativa dele passou para “algo em torno de 0,50%”.

O IPCA-15 serve de termômetro para os analistas definirem as projeções para o mês. Nos 12 meses encerrados em setembro, o IPCA-15 acumula alta de 7,33%, superando o avanço de 7,23% registrado pelo IPCA de agosto. “Em outubro e novembro, a variação em 12 meses do IPCA deve ser menor, já que nesses meses de 2010 o avanço foi muito forte e isso não deve se repetir neste ano”, avalia Camargo.

Fabio Ramos, economista da Quest Investimentos, também foi surpreendido pela alta apontada pelo IPCA-15 de setembro, o que provocou aumento da projeção para o IPCA deste mês, de 0,50% para 0,55%. Para o fim do ano, ele já contava com que o indicador fosse ultrapassar o teto da meta, ficando em 6,6%, mas agora aposta em alta acumulada de 6,7% em 2011.

Segundo o analista, as principais surpresas do IPCA-15 foram o grupo vestuário e o item passagem aérea, que tiveram forte aceleração de um mês para o outro. O primeiro avançou de 0,68% para 1% e o segundo subiu 23,4%, fazendo com que a taxa do grupo transportes pulasse de 0,03% para 0,70%. Ramos considera esses movimentos pontuais e acredita que eles podem ser parcialmente corrigidos para baixo em outubro, mas destaca que há pressões de demanda por trás dos aumentos.

Para Reginaldo Nogueira, professor do Ibmec, a inflação acumulada pelo IPCA em 12 meses em setembro deve superar a do mês passado. “É muito pouco provável que o IPCA tenha batido no teto em agosto, como previa o governo”. Nogueira não descarta novas pressões em outubro e novembro, devido principalmente ao reflexo do câmbio no consumo. “Essa valorização recente do dólar vai ser repassada aos preços nos próximos dois trimestres”, afirma.

Os departamentos econômicos do Banco Itaú e Credit Suisse também elevaram suas projeções para o IPCA de setembro. No Itau ela passou de 0,46% para 0,54% e do Credit Suisse, de 0,45% para 0,50%.
Fonte: Valor

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