A Prefeitura do Rio decidiu investir de vez em tecnologia para tentar fazer da população uma aliada nas questões cotidianas da cidade. Tanto que, através do Centro de Operações e em parceria com a empresa Liga, que desenvolve softwares, o governo municipal está lançando o aplicativo Olhos da Cidade. O objetivo é fazer com que os cariocas reportem, em tempo real, problemas como incêndios, alagamentos, mudanças de tempo ou falta de luz pelo celular, para que as medidas sejam tomadas o mais rápido possível. Além disso, as pessoas também podem receber informações sobre os locais onde estão. Com mais de 30 câmeras já disponíveis, o desafio traçado para o próximo ano é liberar o acesso às 600 que hoje transmitem imagens para o Centro de Operações Rio (COR).
A novidade já pode ser baixada gratuitamente na Apple Store, no formato HTML 5 ou na Play Store, na versão Beta, tanto para IOS quanto para Android, mas neste segundo modelo só está disponível numa versão inferior. Com um custo de cerca de R$ 200 mil, bancado apenas pela empresa Liga, a ideia do aplicativo, cujo desenvolvimento exigiu mais de 1.500 horas de trabalho, surgiu de uma necessidade de estreitar os laços com a população.
A gente queria aliar a experiência que já tínhamos com o Centro de Operações à tecnologia para aproximar mesmo as pessoas. Mas se fôssemos fazer tudo isso só de maneira pública, ia demorar muito. A gente teria que abrir licitação. Assim, a população reporta diretamente ao centro o que está acontecendo e podemos agir de maneira mais eficaz. É importante dizer que este aplicativo é para situações de emergência. Porque, mesmo com as câmeras, a gente não tem o calor, as informações e os detalhes de quem está no local onde um alagamento e uma falta de luz podem estar acontecendo — explicou o chefe executivo do Centro de Operações, Pedro Junqueira.
Com mais de 10 mil pessoas que já baixaram o Olhos da Cidade, o aplicativo traz uma parceria inovadora.
Nunca vimos uma união de público e privado desta maneira. É uma cooperação para criar essa experiência. A gente tinha um modelo de aplicativo, cujo nome também era Liga, mas ele era voltado para a segurança pública, especificamente. No início deste ano, começamos a conversar com os representantes da prefeitura, entendemos quais eram as necessidades e, assim, foi possível desenvolver o Olhos da Cidade. É claro que segurança também faz parte do Rio de Janeiro, mas não é atribuição específica da prefeitura — disse um dos idealizadores do projeto e representante da Liga, Josué Alencar.
O Rio será a primeira cidade do país a testar a nova tecnologia. Através da plataforma, as pessoas poderão informar as autoridades sobre ocorrências diferentes, como incêndios, alagamentos, quedas de árvore, deslizamentos, falta de luz, entre outros. Para reportar uma situação, o usuário precisa tocar no símbolo +, na parte inferior da tela. A informação pode ser enviada por texto com até 140 caracteres, foto ou vídeo de até 30 segundos. Pelo mesmo aplicativo, o Centro de Operações também vai gerar boletins sobre ocorrências para orientar as pessoas que estejam perto do local. Existe a possibilidade ainda de se compartilhar os dados em outras redes sociais, como Twitter e Facebook.
Também podemos avisar sobre o que está acontecendo, se há um incêndio em um bairro, por exemplo, permitindo que as pessoas evitem o local ou procurem alternativas de rota. O próprio usuário pode criar esse raio de localização em volta dele. Existe um ícone chamado Alert Me. Nele, a pessoa demarca onde está e estabelece até que distância ela quer obter informações —explica Junqueira.
O aplicativo foi testado na Copa do Mundo. Uma câmera instalada em um balão na Praia de Copacabana enviou ao Centro de Operações Rio imagens ao vivo do entorno da arena Fifa Fan Fest, durante as transmissões dos jogos do Mundial. Atualmente, o Olhos da Cidade conta com mais de 30 câmeras, que não são do Centro de Operações, mas de estabelecimentos comerciais e de prédios nas zonas Norte, Sul e Oeste. As 600 câmeras que compõem o “big brother” do COR estarão disponíveis no aplicativo no próximo ano.
O caminho para a prevenção é a informação. E com a nova plataforma, conseguiremos reagir antes, mais rapidamente — diz o subsecretário de Defesa Civil, coronal Marcio Motta.
Se alguém tentar fazer mau uso do aplicativo, vai ser pego:
Não vamos censurar as informações. Mas se alguém tentar mentir, por exemplo, vai ser facilmente pego. Isso porque as pessoas podem confirmar, através do aplicativo, a informação passada, podem comentar e, inclusive, dizer que o dado é inapropriado. Os usuários podem até denunciar outras pessoas. E, se isso acontecer, nós, que desenvolvemos o aplicativo, podemos não permitir que aquele perfil continue existindo. Em último caso, claro, ainda há os técnicos que estão no Centro de Operações, de olho 24 horas nas câmeras da cidade. Então estamos bem seguros em relação a isso — assegura Josué Alencar.
Para Junqueira, é importante não confundir o novo serviço com o que já é feito através do 1746:
O Olhos da Cidade é emergencial. É para ações urgentes. O 1746 é fundamental e funciona para demandas mais programadas, onde haja mais tempo de resposta. Não lançaríamos um aplicativo para executar a mesma função de algo que já existe. Além disso, depois de um ano de pleno funcionamento da nova plataforma, poderemos antever alguns processos. Por exemplo, numa situação de chuva, vamos saber qual é o bairro que alaga mais rapidamente. Essas informações serão usadas por nós do Centro de Operações para fazer melhorias em parceria com a Secretaria de Conservação, a Defesa Civil, a Comlurb e a Rioluz.