A Samsung Electronics Co., que saltou à frente da Apple Inc. no ano passado para se tornar a maior fabricante de smartphones do mundo, apresentou ontem um muito esperado relógio-celular chamado Galaxy Gear, abrindo uma nova frente na batalha dos eletrônicos usados no corpo.
A Samsung está tentando responder a antigas críticas de adeptos da Apple de que a empresa sul-coreana vem sendo uma seguidora, e não uma inovadora, no competitivo mercado de aparelhos de ponta. O Galaxy Gear, que deve chegar às lojas dos Estados Unidos ainda este mês a um preço de US$ 299, está sendo lançado antes que um esperado relógio inteligente da Apple.
Em junho, a japonesa Sony Corp. apresentou seu próprio relógio inteligente, que roda o sistema operacional Android, do Google Inc. E no momento em que a Samsung exibia seu Galaxy Gear numa feira de Berlim, a Qualcomm Inc. anunciou que pretende lançar seu novo relógio colorido, o Toq, no quarto trimestre, por cerca de US$ 300.
O lançamento da Samsung ressalta a agressividade da empresa em colocar novos produtos no mercado mais rapidamente que suas concorrentes para evitar mais litígios ligados a patentes. A Apple acusou a Samsung em 2011 de ter supostamente copiado o projeto do iPhone e do iPad. Desde então, as duas empresas vêm se engalfinhando em tribunais mundo afora sob alegações mútuas de quebra de patentes.
O novo Galaxy Gear tem uma tela OLED de 1,6 polegada, pesa cerca de 70 gramas e vem com uma câmera de 1.9 megapixel embutida na correia.
Um alto-falante embutido permite que os usuários façam chamadas em viva-voz. O Gear notifica os usuários sobre mensagens recebidas, seja de voz, textos, emails ou alertas, e oferece uma pré-visualização das mensagens – dando a oportunidade para o usuário aceitá-las ou discretamente ignorá-las. O relógio vem em seis cores.
No entanto, a relativamente limitada funcionalidade do relógio inteligente da Samsung, e sua tela retangular, vai provavelmente decepcionar aqueles que esperavam um aparelho com um amplo conjunto de funções e uma tela dobrável, que se moldaria ao formato do pulso humano.
Mas J.K. Shin, diretor das operações de comunicações móveis da Samsung Electronics, chamou o Galaxy Gear de um “criador de tendências”, que, segundo o executivo, poderia abrir caminho para que relógios inteligentes se tornem parte indispensável da vida cotidiana, da mesma forma que os smartphones – outrora vistos como aparelhos de luxo – acabaram virando produtos de massa.
O Galaxy Gear não vai ser promovido como um aparelho isolado, mas sim como um acessório para a última geração de smartphone-tablet chamada Galaxy Note 3, que a Samsung também anunciou ontem.
Os usuários que comprarem ambos os aparelhos vão poder ler mensagens, ver a previsão do tempo e tirar fotos com o relógio, que vai rodar o sistema operacional Android e ser sincronizado com o Galaxy Note 3.
O relógio já virá também com mais de 60 aplicativos instaladas, inclusive um pedômetro e o S Voice, um app ativado por voz semelhante ao Siri, da Apple.
Mas ele não é um aparelho para se realizar tarefas complexas como escrever emails e baixar música. O relógio precisa também de um carregador de bateria separado e ainda não é compatível com o Galaxy S4, o principal celular da Samsung, embora a empresa afirme que está trabalhando nisso.
Num reconhecimento dos problemas iniciais do Galaxy Gear, a Samsung continua precavida sobre como o relógio seria recebido no mercado, declarando que o vê a princípio como um produto de nicho destinado a jovens amantes da tecnologia, que costumam adotar rapidamente as novidades.
Shin forneceu uma previsão aproximada de cerca de dois ou três relógios vendidos para cada dez unidades do Galaxy Note 3, mas alertou que o número não era uma projeção oficial ou uma meta de vendas.
Alguns analistas veem o Galaxy Gear com otimismo limitado. Neil Mawston, diretor executivo da firma de pesquisa Strategy Analytics, diz que os fabricantes de relógios inteligentes estão “hoje claramente na fase experimental de tentar descobrir o que consumidores e empresas realmente querem”.
Mawston prevê uma venda mundial “modesta” para esses relógios no curto prazo, de 1,2 milhão de unidades em 2013, chegando a 7 milhões em 2014.
Fonte:Valor