Até pouco tempo considerados distantes da realidade dos internautas brasileiros, os serviços de vídeo sob demanda estão se disseminando rapidamente no país. Pelo menos pelo lado da oferta. Hoje, já estão disponíveis dez serviços diferentes, de empresas como Netflix, Netmovies, Sky e Apple. Só na semana passada, duas novidades chegaram ao mercado: o Submarino On Demand, e o Sundaytv, do Terra.

A lista ganha mais um integrante, hoje, com o início da operação do Crackle, da Sony Pictures Entertainment. Lançado em 2007, o site está disponível nos Estados Unidos, no Reino Unido, no Canadá e na Austrália. Só nos EUA, a audiência chega a 11 milhões de pessoas por mês, diz Jose Font, vice-presidente e gerente-geral da Crackle na América Latina e no Brasil. “As pessoas estão aumentando a quantidade de mídia que consomem. E à medida que elas usam mais dispositivos eletrônicos, as empresas de conteúdo querem se manter relevantes para o público. É isso que está movimentando o mercado”, diz o executivo ao Valor.

De acordo com a empresa de pesquisa de mercado comScore, 82% dos internautas brasileiros assistiram a vídeos on-line em janeiro. Segundo a analista Sarah Radwanick, cada pessoa assiste, em média, a 104 vídeos. Segundo o IBOPE Nielsen, 63,5 milhões de brasileiros acessaram a internet de casa, ou do trabalho em janeiro.

Inicialmente, o Crackle terá séries e filmes das empresas do grupo Sony (Columbia Pictures, TriStar Pictures, Screen Gems e Sony Pictures Classics). Mas o objetivo é ampliar a lista com negociações com outros estúdios. Todo o conteúdo do Crackle será gratuito. A receita virá da publicidade. Os primeiros patrocinadores serão a Kimberly-Clark, os Correios e a Oi. O acesso só poderá ser feito pelo computador. Outros dispositivos, como TVs e celulares, serão acrescentados em 2013, diz Font.

Na avaliação de Paulo Castro, diretor-geral do Terra no Brasil, além da mudança no perfil de consumo de mídia das pessoas, outro fator contribuiu para o lançamento de tantos serviços de vídeo sob demanda no Brasil nos últimos 12 meses: a maior disposição dos donos de conteúdo de negociar os direitos de transmissão pela internet. “A internet deixou de ser vista como um meio de propagação da pirataria para se tornar uma forma de combate a ela, com a oferta de conteúdo oferecido de forma legal”, diz o executivo.

A estimativa do Terra é que 150 mil internautas brasileiros pagam por serviços de vídeo todos os meses. A companhia afirma deter 50% do mercado. Ontem, o Terra lançou o Sundaytv, serviço de vídeo que substitui o Terra Video Store, lançado em 2010. O novo site tem um acervo de 30 mil títulos. Além da América Latina, o objetivo é lançar o serviço nos EUA e na Europa.

“Existe um bom mercado para o vídeo no Brasil atualmente e ele continuará atraente por muitos anos”, diz Alex Banks, da comScore. Para o analista, é difícil dizer se todos os competidores terão sucesso no longo prazo. “Não tenho certeza quanto a isso. Mas não me surpreendo que estejam todos se movimentando para construir suas marcas”, diz.
Fonte: Valor

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