Síndicos profissionais cuidam de vários empreendimentos e podem ser a solução para a dificuldade em encontrar quem assuma o cargo.

Seja nos condomínios-clubes ou nos empreendimentos formados por apenas uma torre, o papel do síndico é fundamental. Entretanto, a dificuldade para encontrar quem tenha disponibilidade e conhecimentos necessários para assumir a função fez surgir a figura do “síndico profissional”.

Ao contrário do que pode sugerir o nome, não se trata de uma profissão regulamentada, mas da atividade de síndico exercida por quem não é morador, administra diversos empreendimentos e é remunerado por isso.

É o caso de Antonio Carlos Meyer, de 61 anos. Além de gerenciar o edifício onde mora, cuida de outros cinco empreendimentos nas zonas sul e oeste de São Paulo, nos quais presta serviços com sua mulher, Cláudia, 58.

O trabalho é feito à distância. Eles visitam os prédios apenas duas vezes por semana.

“Nas visitas, identificamos os problemas e acompanhamos a solução daquilo que já foi identificado. Analisamos as contas, assinamos os documentos, fazemos tudo que é necessário”, explica Meyer, que é formado em engenharia.

Para ele, o fato de morar no prédio não atrapalha o serviço, pois o trabalho de administração de contas, por exemplo, é feito de casa. “Ficamos até as 23h trabalhando e com o celular ligado até na hora de dormir”, diz.

Escolhendo bem – Contratar um síndico de fora para administrar um condomínio não é garantia de que a gestão será melhor do que se a função estivesse sendo exercida por um morador.

Há vantagens e desvantagens na escolha, e apesar de os especialistas divergirem sobre o assunto, eles ressaltam que o mais importante é o preparo do síndico, que pode ser bom ou ruim, sem que isso tenha relação com o fato de viver ou não no condomínio.

Uma das dicas para escolher bem é verificar que o candidato tem noções de administração e legislação condominial e se é hábil nos relacionamentos.

“Ele não vai ficar na operação do dia a dia, é o cara de gestão. Tem de saber escutar o condômino e ter habilidade para cobrar a administradora e o zelador”, diz Marcelo Mahtuk, diretor de uma administradora de condomínios.

Para o vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), é melhor que o cargo seja ocupado por um condômino, porque ele está mais presente no dia a dia.

Já Dostoiévscki Vieira, diretor-executivo da Pró Síndico, associação de síndicos que ministra cursos na área, acredita que em condomínios com mais de 50 unidades o mais indicado é o profissional de fora, remunerado, pois em empreendimentos assim a dedicação deve ser maior.

Fora isso, ele pode sofrer menos pressão emocional dos outros moradores porque não vive no prédio.

Segundo Ricardo Karpat, diretor da Gábor RH, que também oferta cursos de formação, a maioria dos alunos quer “dar um up” na carreira, como síndicos que moram no prédio e funcionários do condomínio.

Mas Mahtuk alerta que é preciso levar em conta que “não é só um curso com algumas horas que habilita alguém a ser um síndico ‘profissional’”.

Remuneração – Pagamentos para síndico condôminos são raros. Geralmente eles recebem apenas o benefício da isenção da taxa condominial.

Já para os síndicos profissionais, a remuneração costuma fica entre R$ 30 e R$ 60 por apartamento.

Gerente de relacionamento de uma administradora de condomínios, Angélica Arbex afirma que em novos edifícios é comum que o primeiro síndico seja de fora, para criar as bases de uma boa administração.

“O síndico ‘profissional’ tem um conhecimento específico e um compromisso claro de gestão e prestação de contas focada no planejamento financeiro.”

Ronaldo de Oliveira, 35, morava em uma casa e não conhecia nada do dia a dia de um condomínio, mas, ao se casar, mudou para um com muitas dívidas. Virou síndico.

Renegociou contratos, alugou o topo do prédio para instalar uma antena, entrou com uma ação contra inadimplentes, entre outras ações. “Minha fama se espalhou e hoje atuo como síndico em vários condomínios”, conta.

Fonte: Folha de S. Paulo

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