O segmento de fundos imobiliários caminha para alcançar um recorde de ofertas neste ano, se as operações que estão em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) receberem o sinal verde para ir a mercado. Com o juro no menor nível da história e a isenção de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos distribuídos para a pessoa física, a demanda desse público por essa alternativa de investimento cresce a passos largos.
Neste ano, até o dia 12 de novembro, foram registradas 38 ofertas, entre primárias e secundárias, que somam um volume de R$ 7,565 bilhões. Em análise, havia outras 17 transações, com perspectiva de captação de mais R$ 7,705 bilhões. Pelo menos três delas, que juntas somam cerca de R$ 3,8 bilhões, já publicaram avisos de mercado em que informam que o aval da CVM está previsto para sair ainda neste mês, o que elevaria os registros para mais de R$ 11 bilhões, superando o recorde anterior, de 2010.
Naquele ano, as ofertas registradas na CVM alcançaram um volume total de R$ 9,7 bilhões, contudo esses números foram inflados por registros de prateleira de quatro fundos do BTG Pactual, num total de R$ 4 bilhões. Em 2011, foram 39 operações no valor total de R$ 7,664 bilhões.
Na bolsa, os fundos listados para negociação cresceram 27% neste ano, passando dos 66 verificados no fim de 2011 para 84 em outubro, com valor de mercado superior a R$ 20,2 bilhões. Já o número de investidores saltou 67% em 2012, de pouco mais de 35 mil para 58,5 mil em outubro, segundo o último dado disponível da BM&FBovespa. Desse total, 99% são pessoas físicas.
Não é difícil entender tamanho interesse por fundos imobiliários. Levantamento da consultoria Fundo Imobiliário com 47 carteiras focadas em renda mostra que, em outubro, o rendimento médio distribuído para o cotista, considerando o valor da cota no último dia do mês, foi de 0,65%. Para a pessoa física, esse ganho é isento do Imposto de Renda, se o fundo for negociado em bolsa, tiver mais de 50 cotistas e ela não concentrar mais de 10% das cotas. E está acima do referencial mais usado para as aplicações de renda fixa, o CDI, que no mês ficou em 0,61%. Se descontada a menor alíquota de IR para a renda fixa, de 15% para prazos acima de dois anos, o ganho oferecido pelo CDI cai para cerca de 0,52%.
Levando em conta o valor das cotas no lançamento dos fundos – na maioria dos casos abaixo da cotação atual -, o rendimento médio distribuído no mês passado foi ainda maior: 1,12%, segundo o levantamento. Apesar de o fundo imobiliário ser comparado à bolsa, a distribuição regular de dividendos, em geral decorrentes do aluguel dos imóveis em carteira, atrai investidores com um perfil mais conservador, que buscam renda, especialmente pela competitividade em relação ao juro. Vale lembrar que, salvo em situações de queda no valor – o que deve ser encarado como um risco pelo investidor -, o aluguel é corrigido pela inflação, o que contribui para a preservação de capital.
Outra possibilidade de ganho para o investidor é com a valorização das cotas em bolsa. Uma simulação com o Índice de Fundos Imobiliários (IFIX), que foi lançado no início de setembro pela BM&FBovespa para medir a performance de uma carteira selecionada a partir de critérios como liquidez, aponta um retorno acumulado de 28,79% neste ano até outubro, considerando a variação das cotas e a distribuição de rendimentos. Já o CDI ficou em 7,24% no ano, até outubro, e o Ibovespa, principal índice da bolsa, rendeu mísero 0,55%. Importante ressaltar, porém, que a parcela do ganho que vem da variação da cota é tributada quando ela for vendida e o ganho, realizado.
“O número de investidores em fundos imobiliários tem tudo para explodir”, aposta o consultor Sérgio Belleza Filho, sócio da consultoria Fundo Imobiliário. Segundo ele, a combinação do juro na mínima histórica com o desempenho fraco de outras alternativas de investimento coloca os fundos imobiliários em situação privilegiada em termos de potencial de retorno. Belleza afirma ainda que outra vantagem dessa classe de ativos é que, no geral, os empreendimentos que integram os portfólios são de qualidade, uma vez que a gestão é profissional. Fonte:Valor