Começou nesta segunda-feira o período de reserva de ações da oferta pública do Banco do Brasil. A instituição planeja levantar cerca de 10 bilhões de reais com a venda de 356,8 milhões de ações ordinárias (com direito a voto), que passarão a ser negociadas na BM&FBovespa a partir da próxima semana. Todos os seis gestores de fundos de ações consultados pelo Portal EXAME acreditam que os papéis do banco são negociados com um desconto em relação aos dos outros três grandes bancos listados na bolsa paulista (Itaú Unibanco, Bradesco e (Santander). Também existe uma chance relevante de que os papéis saiam com um preço ainda mais atrativo na oferta pública – principalmente se as bolsas mundiais passarem por dias de turbulência até o dia 29, quando termina o período de reserva. Apesar de o governo federal (controlador do banco) já ter divulgado a intenção de ficar com mais da metade das ações ofertadas, o número de papéis que chegará de uma vez ao mercado é muito grande, o que deve pressionar as cotações. Foi o que aconteceu no mês passado, quando o Bank of America vendeu bilhões de dólares em ações do Itaú Unibanco e derrubou a cotação dos papéis em mais de 10%.
A tese de que as ações do BB estão descontadas se sustenta independentemente de qual múltiplo seja usado para a comparação entre os grandes bancos brasileiros. O Itaú Unibanco tem um valor de mercado equivalente a mais que o dobro do BB apesar de as duas instituições terem tamanhos parecidos – o BB leva vantagem em total de ativos, mas o Itaú possui mais depósitos. No passado, o Banco do Brasil já teve uma rentabilidade bem menor do que a dos concorrentes privados. Nos últimos meses, entretanto, o retorno sobre o patrimônio líquido do BB tem sido superior ao do Bradesco e está muito próximo ao do Itaú. Já o potencial de valorização das ações do BB é superior ao do Itaú e do Santander e quase igual ao do Bradesco se levada em consideração a média dos preços justos divulgados pelos analistas de corretoras. O principal indicador usado para comparações entre bancos também sustenta o investimento nas ações do BB. O banco estatal é negociado por 1,86 vez seu patrimônio líquido, enquanto o Itaú Unibanco vale 2,71 vezes (veja tabela abaixo). “Sempre que essa diferença ultrapassa 30% eu acho que vale a pena avaliar o investimento num banco estatal”, diz André Gordon, sócio-fundador da GTI Administração de Recursos.
| Itaú Unibanco | Bradesco | Banco do Brasil | Santander | |
|---|---|---|---|---|
| Valor de mercado (bilhões de reais) | 143,5 | 94 | 70 | 77,3 |
| Patrimônio líquido (bilhões de reais) | 53 | 43,1 | 37,6 | 65,2 |
| Valor/patrimônio | 2,71x | 2,18x | 1,86x | 1,19x |
| Preço-alvo da ação (consenso de mercado) | R$ 46,50 | R$ 41,25 | R$ 36,90 | R$ 26,30 |
| Potencial de valorização | 32,30% | 35,90% | 35,50% | 29,90% |
| Fonte: Bovespa/ThomsonReuters/Central do Investidor | ||||
| *Dados coletados no dia 17/06 |
Além da expectativa de que a oferta de ações saia a um preço atrativo, a operação também desperta o interesse do mercado porque o setor financeiro é visto como uma das melhores apostas em renda variável para este ano. Os investidores admitem que o aumento dos juros básicos da economia brasileira deve frear os índices de expansão do crédito bancário. No entanto, boa parte dos empréstimos dos bancos brasileiros são indexados a taxas pós-fixadas – ou seja, os juros cobrados dos clientes também sobem quando a Selic aumenta. Por esse motivo, os bancos estariam melhor posicionados que empresas de consumo, varejo e construção para enfrentar um período de aperto monetário. “Os bancos são a nossa principal posição entre as ações ligadas ao mercado doméstico”, diz Will Landers, responsável pelos fundos latino-americanos da BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo.
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Fonte: Exame