Num dia de pregão mais curto, que começa só às 13 horas, a BM&FBovespa enfrenta hoje o tão aguardado vencimento de opções sobre índice e Ibovespa Futuro. As operações com derivativos foram assunto nas mesas de operação durante todo este começo de ano, já que investidores estrangeiros colocaram dinheiro no mercado à vista, mas ficaram “vendidos” (apostando na baixa) no futuro, trazendo pressão aos negócios.
Os dados da BM&FBovespa mostram que havia uma grande concentração de opções de venda de Ibovespa nas linhas de 60 mil, 59 mil e 58 mil pontos no mercado de ações. Se o índice fechar abaixo deste último patamar, serão exercidos mais de 60 mil contratos, o que certamente vai engordar o volume financeiro do dia. O Ibovespa encerrou a sexta-feira em 58.497 pontos.
No mercado futuro, os estrangeiros foram aumentando as posições vendidas ao longo do tempo e, na quinta-feira, tinham saldo líquido de 99 mil contratos. Ainda havia 163 mil contratos em aberto, 75 mil a menos do que no dia anterior. A maior parte deve ser rolada para abril, que ganhou 81,7 mil contratos de índice futuro entre quarta e quinta passadas, totalizando 144 mil.
“A rolagem é um movimento natural. Em um cenário de maior cautela, o investidor busca hedge [proteção]”, afirma Alfredo Puccinelli, da Planner Corretora. O especialista lembra que as principais ações do Ibovespa, como Petrobras e OGX, tiveram desempenho ruim nas últimas semanas e não sinalizam uma melhora consistente para os próximos pregões.
Com o pregão mais curto, a volatilidade do mercado promete ser ainda maior. Além da tradicional briga entre comprados e vendidos, os papéis deverão se ajustar aos movimentos registrados nas bolsas internacionais na segunda-feira e ontem, quando a bolsa brasileira permaneceu fechada.
Puccinelli comenta ainda que a aposta dos investidores na baixa também é reflexo da postura do governo. “O mercado anda um pouco ansioso com tudo o que vem acontecendo nos últimos meses. Os investidores querem saber quando e onde todas essas medidas vão parar”, afirma, referindo-se às incertezas sobre a condução da política monetária e às medidas envolvendo a Petrobras, o setor elétrico, os bancos, entre outros segmentos.
Raphael Figueredo, analista da Icap Brasil, diz que o índice perdeu, na quinta-feira passada, suportes que garantiam um comportamento mais ou menos estável. Agora, a tendência do Ibovespa seria de queda, com novo suporte em 57.500 pontos. “Os contratos futuros de estrangeiros na venda ajudam a compor a pressão negativa no humor do mercado, que fica desconfortável ao visualizar essa aposta para baixo nos próximos meses”, afirma.
Na sexta-feira, o Ibovespa fechou com leve alta de 0,21% e giro de R$ 7,144 bilhões. Acumulou baixa de 3,07% na semana passada e, em 2013 a perda acumulada já alcança 4,03%.
Linx foi o destaque do dia. As ações da empresa de software dispararam 18,51% em sua estreia, para R$ 32,00. O giro alcançou R$ 251 milhões, o quinto maior do dia. Como a oferta inicial da companhia somou R$ 528 milhões, praticamente metade das ações colocadas pela empresa trocou de mãos nesse dia.
Fonte: Valor